Navio sustentável deixa o Porto de Tubarão para concluir viagem inaugural

Graneleiro Berge Olympus foi adaptado e equipado com quatro velas rígidas com objetivo de reduzir emissão de CO2

O navio sustentável Berge Olympus deixou o Porto de Tubarão, na Grande Vitória (ES), após concluir a primeira parte de sua viagem inaugural. O graneleiro, que usa energia eólica para reduzir o consumo de combustível e a emissão de carbono, partiu da China em outubro e chegou ao complexo capixaba operado pela Vale no último dia 22. Agora, retorna ao país asiático com um carregamento de minério de ferro.

O Berge Olympus é um navio do tipo Newcastlemax, que tem capacidade de carga entre 200 mil e 210 mil DWT, adaptado e equipado com quatro velas, conhecidas como BARTech WindWings. Elas utilizam a força dos ventos (energia eólica) para fortalecer a propulsão da embarcação, com o objetivo de diminuir o consumo de combustível e as emissões de CO2.

Cada vela instalada possui uma envergadura aerodinâmica de 37,5 metros de altura e 20 metros de largura. A tecnologia permite que a embarcação economize 6 toneladas de combustível diariamente em uma rota média global, resultando em uma redução estimada de aproximadamente 19,5 toneladas de emissões de CO2 por dia.

O projeto foi concebido pela Berge Bulk, empresa de navegação contratada pela Vale para o transporte de minério. A Berge tem procurado investir em inovações de cunho ambiental para o transporte marítimo, buscando a neutralidade de carbono até 2050 e, em parceria com a Vale, realizou a proposta.

A descarbonização é também uma das metas da Organização Marítima Internacional (IMO). Michelle Gonzalez, gerente-geral de Afretamento, Contratos de Longo Prazo e Operações da Vale, disse que a empresa está engajada em apoiar os projetos dos armadores que visam atingir as metas da IMO de descarbonização da navegação.

“O Berge Olympus está atualmente performando um contrato de médio prazo para transporte de minério de ferro para a Vale e estamos muito felizes com a parceria desenvolvida com a Berge Bulk, que facilitou a realização do projeto”, declarou.

O gerente-executivo de Navegação da Vale, Guilherme Brega, explicou que o navio foi projetado para atracar em qualquer porto, pois não há interferência das velas no carregamento, já que elas ficam reclinadas durante a atracação.

“Tubarão foi escolhido para ser o primeiro (porto) pois as equipes de engenharia náutica, inspetoria e operação locais tiveram papel fundamental durante todo o processo de testes e estão colaborando agora com ajustes finos no sistema”, citou.

Ecoshipping

A operação do primeiro mineraleiro equipado com velas rotativas faz parte do Ecoshipping, programa criado pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono, em linha com o que vem sendo discutido no âmbito da IMO.

Para agosto de 2024, deve chegar ao Brasil o primeiro navio Guiabamax com air lubrication instalado. A tecnologia cria um carpete de bolhas de ar na parte de baixo do navio, permitindo reduzir o atrito da água com o casco.