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Rose Fassina, créditos: acervo pessoal

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“O óbvio tem que ser dito o tempo todo”

11 de março de 2023 às 8:00
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

 

Rose Fassina, créditos: acervo pessoal

Durante a gestão do Ministro Tarcísio de Freitas, em todas as reuniões Rose Fassina levantava a mão para cobrar soluções para a questão dos acessos na entrada da cidade, a duplicação da Imigrantes e outras ligadas ao Porto de Santos (SP). 

O ministro já sabia quais seriam as perguntas, mas mesmo assim ela fazia questão de se repetir: “Eu tenho abraçado essas causas. Temos uma via Anchieta colapsada, se acontecer algum problema ficamos sem acesso à Capital. As coisas estão colocadas, mas o óbvio tem que ser dito o tempo todo. Eu brinco com todas as pessoas que a minha mãozinha continua levantada. E vou continuar levantando a mão em todos os lugares”.

Diretora de Gestão, Desenvolvimento e Qualidade da empresa 

Transporte e Comércio Fassina Ltda, que em 2023 completa 50 anos, Rose é uma voz importante na defesa dos interesses do setor. Recém-eleita diretora da Associação Comercial de Santos, onde atuava na coordenação da Câmara de Transportes, também é vice-presidente há quatro anos do Sindisan, órgão de classe dos empresários do transporte rodoviário de cargas. “Sou a primeira mulher a ter cargo na diretoria do sindicato”, lembra.

Comenta que os maiores desafios do Sindisan são os acessos rodoviários à Baixada Santista, com uma Anchieta obsoleta com pedágios que têm valores não correspondentes aos serviços prestados. “O setor está acompanhando com grande atenção a proposta da reforma tributária. Estamos trabalhando contra o aumento da porcentagem da mistura do biodiesel no diesel, o que acarretaria aumento dos custos para o transporte de cargas. Entendemos, ainda, que podemos ter parcelamento das dívidas trabalhistas que ocorreram durante a pandemia entre outras tantas”.

Formada em Psicologia pela Unisantos, mantém sua trajetória profissional da área de Recursos Humanos e no transporte rodoviário de cargas, mas atuou em outras áreas. Tem especialização em Gestão de Negócios e mestrado em Educação e durante anos foi professora de várias universidades de Santos e coordenadora da Unisantos nos cursos ligados à logística, gestão portuária e comércio exterior.

Rose nasceu em Queiroz, no Interior paulista, mas veio pequena para São Paulo, com pais e irmãos. Como a mãe morreu quando ela estava com um ano, foi criada pelos avós na Zona Leste, em São Paulo. Só foi para Santos aos 17 anos para morar com o pai e o irmão e fazer faculdade de Psicologia. “Sou completamente apaixonada por Santos”, reconhece.

Quase sempre as coisas acontecem na vida de Rose sem que ela tenha planejado, mas tem convicção que nada é por acaso: “Parece que Deus sempre tem planos para mim e sou colocada nas situações, como trabalhar na empresa familiar”.

Quando escolheu Psicologia (é da turma de 1984), queria continuar na área de pesquisa, mas o caminho foi outro: “Descobri o mestrado em Psicologia Social na PUC/SP e me interessei. Meu pai disse que não pagaria, que eu deveria assumir a minha vida. Para pagar o curso resolvi aceitar o convite e trabalhar no departamento de Recursos Humanos da Fassina, após estágio na área de Psicologia”.

Logo se envolveu com o trabalho e ficou difícil frequentar as aulas em São Paulo. “Como acredito que nunca se consegue criar nada sozinho, comecei a participar de grupos de seleção e treinamento e gostei da área. Além da prática e do conhecimento, acredito no estudo formal, fui fazer vários cursos para ampliar o olhar para a empresa. Depois fui chamada para ser diretora em Santos na Associação Brasileira de Recursos Humanos e vieram os convites para dar aula”.

Mesmo sem nunca ter pensado em ser professora, aceitou o desafio e se apaixonou: “Quando eu pisei na sala de aula eu me transformei em outra pessoa e pensei que era assim que eu queria estar para resto da vida”. Quando veio o estresse com muitas aulas noturnas e aos sábados, resolveu reduzir as atividades. “Senti uma falta gigante”, revela.

Logo estava na diretoria da Associação das Empresas do Distrito Industrial e Portuário da Alemoa, representando as empresas de contêineres vazios; hoje é vice-presidente. “Tenho mais disponibilidade, uma equipe me dá respaldo para aceitar esses convites. Somos quatro sócios e as decisões são tomadas pelo colegiado”.

Grande paixão vem do voluntariado de muitos anos na Gota de Leite: “Tenho uma questão de gratidão ao Universo por tudo que ele já me trouxe, por isso faço de coração essa doação de tempo. A Gota de Leite é uma instituição centenária maravilhosa, todos trabalham muito. Temos projetos maravilhosos incentivados pelas organizações, como o desenvolvido por um agrônomo que está construindo um bosque com as crianças. O grupo já catalogou os passarinhos e borboletas no espaço privilegiado que temos”.

Divorciada, tem uma filha de 30 anos, Isabela, formada em Relações Internacionais e pós-graduação em Marketing, que mora em São Paulo e trabalha em um hub de startups: “Ela é a minha melhor missão nessa vida, gosto muito de ser mãe. Procuramos fazer programas, mas nos últimos anos os passeios gastronômicos se reduziram porque ela se tornou vegana”.

Adora cozinhar, principalmente quando quer relaxar da tensão do dia a dia. “Cozinhar é um ato de amor. Sou muito prática, todos deveriam saber fazer cozinha de sobrevivência, a pandemia revelou como isso é importante. Eu leio muitas receitas, abro a geladeira, pego o que tem e invento na hora. Minha educação foi para ser uma dona de casa, cozinhar, fazer tricô e crochê. Ainda bem que percebi que desejava muito mais”.

Confessa que nunca gostou de viajar pela ansiedade que reduzia o prazer, mas por conta do Brasil Export tirou da frente esse temor: “Comecei a viajar com o grupo e não quero outra vida. Fui na última hora para Dubai e adorei, de lá para cá não parei mais”.

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