A aparência pessoal fala muito sobre você – mais do que um cartão de visita
Você tem toda a liberdade de vestir-se e comportar-se como quiser, mas precisa saber que há um conjunto tácito de “regras” aceito pela sociedade, regras as quais, juntas, passam aos demais a impressão de quem os outros acham que você seja. Começa na conhecida primeira impressão que conta tanto, gostemos ou não disso, e continua por toda a sua carreira.
“…cê reparou que eu me arrumei
Tô bonitinho
Já vesti não sei o quê
E botei meu cabelinho
De frente, tô bonitinho
De lado, tô bonitinho”
Composição da Banda Jovem Dionísio.
Já que começamos com “a” Jovem Dionísio, banda indie pop e bedroom (seja lá o que for isso, mas julgue você mesmo, procurando por eles no Spotify), vou continuar com “o” antigo Dionísio, aquele da mitologia grega, filho de Zeus e da princesa Sêmele, senhor dos ciclos vitais, das festas, da alegria e do teatro. Iniciou “carreira” como semideus e depois de mil peripécias, foi “promovido” a deus, o último dos doze que entraram no Olimpo. Fez tanto sucesso, que estendeu a franquia para a Roma Antiga, onde era conhecido como Baco. Não era uma divindade das mais fáceis, como não é fácil abordar o tema que pretendo trazer a vocês em mais este capítulo de nossas reflexões.
O tema é a apresentação pessoal no mundo corporativo. Complexo, porque não estamos falando só de “estar bonitinho”, mas porque envolve também gosto pessoal, que, como dizem, não se discute. É aí que começam as dificuldades. As discussões acontecem normalmente às suas costas. E poucos terão a coragem de dizer-lhe frente a frente que algo em sua postura destoa negativamente do contexto no qual você está inserido.
Você tem toda a liberdade de vestir-se e comportar-se como quiser, mas precisa saber que há um conjunto tácito de “regras” aceito pela sociedade, regras as quais, juntas, passam aos demais a impressão de quem os outros acham que você seja. Começa na conhecida primeira impressão que conta tanto, gostemos ou não disso, e continua por toda a sua carreira.
Correto ou não, esse mesmo processo, que causa essa impressão na sociedade, é transferido para dentro das empresas, influenciando diretamente no quanto você é aceito pelo grupo e, consequentemente, como caminhará a sua carreira no futuro.
Antes de entrar no tema, há dois pontos que gostaria de deixar claros. Primeiro: por mais bem cuidada que seja sua aparência pessoal, ela nunca será mais importante que seu conteúdo. Valores e princípios, através dos quais você conduz o seu comportamento, falam mais alto. Em segundo lugar uma reflexão, não para quem é observado, mas para quem observa: “Não julgue o livro pela capa”. É pouco ceder às primeiras impressões. Em tempos de tantas e tantas transformações, você pode ser surpreendido rotulando como ruim um bom talento, alguém com enorme potencial, que esteja apenas e momentaneamente “mal embalado”, precisando de orientação, apenas. Use seu poder de observação para dar orientações honestas.
Você tem o óbvio e natural direito de achar bacana destoar. Mas precisa saber que, como em todas as decisões tomadas na vida, essa também terá consequências.
E se você sentir o mesmo que eu, verá que vestir-se e comportar-se, o mais perto que sua visão de mundo permitir, do tal código de regras adotado pela sociedade, aumenta em muito, não só a aceitação, mas também a autoestima.
Dito isso, vamos descer a lupa sobre as tais características que contribuem para que a imagem que você passa esteja de acordo com o seu conteúdo e, ainda, ajude a construir o caminho do seu crescimento profissional.
Vamos começar com a vestimenta. Se a organização tiver um Dress Code definido por escrito, ficará mais fácil. Estará lá, documentado, o que a empresa aceita ou não, na forma de vestir-se. De uma forma geral, esses códigos disciplinam os exageros. Camisetas com mensagens políticas ou de time de futebol, cores, tamanhos de saias e decotes, camisas abertas e tudo o mais que mostre além do que deveria, fugindo do objetivo do ambiente, que é o trabalho. Conheço empresas que possuem um código tão restrito, nas quais a maioria dos colaboradores chega a comprar suas roupas numa mesma loja. Se o objetivo é controlar os exageros, então a empresa também precisa fazer a sua parte. Uma coisa é traduzir a cultura da empresa para a forma de vestir de seu pessoal. Outra é padronizar demais. Se o desejo for esse, então adotemos uniformes e tudo ficará mais fácil.
Se a organização não tiver um Dress Code definido, fica um pouco mais complicado, mas não impossível. A dica é olhar para o lado e ver como se veste o pessoal com mais tempo de casa, portanto, mais adaptado à cultura. Essa observação pode ser mais difícil para os recém admitidos, então outra dica: procure por seus colegas de trabalho no LinkedIN e analise suas fotos de capa e as fotos de eventos da empresa. É uma fonte rápida para ter uma boa noção do conjunto.
Outro item de aparência são os cuidados pessoais. Aqui é fácil. Nem vou perder muito tempo, pois a maioria de nós entende a necessidade de cabelos e barbas bem aparados e penteados, maquiagem sem excessos, unhas limpas, perfumes em quantidade tal que não cheguem à sala, enquanto você ainda está no elevador.
Um item mais sutil é a linguagem corporal. Nos comunicamos mais com nossos gestos e expressões faciais do que com palavras. Então, cuidado. Todas as emoções estão lá, expostas para todos, a cada gesto e careta que fazemos.
Tom de voz é outro item de atenção. Da mesma forma que os gestos, a entonação que colocamos na forma como falamos reforça e denuncia o significado do que dizemos. Ainda que você tenha uma opinião ou ideia completamente diferente de seu interlocutor, nada impede que você discorde educadamente e deixe clara a sua posição de maneira firme, com o tom de voz correto. Ainda sobre a comunicação verbal, por favor, erros de português são imperdoáveis, em especial comer os “esses” a cada plural dito.
“Falamos de falar”, mas saber ouvir é outra característica muito bem aceita por todos. Quem não gosta de alguém que preste atenção de verdade ao que estamos falando? Se puder dar uma resposta adequada que ajude o outro a encontrar uma solução, será ainda melhor.
Veja, não quero que você seja um robô da estética e do comportamento socialmente aceito. Seria ingenuidade da minha parte, pois tenho certeza que ser quem realmente somos e levantar a mão na hora certa é fundamental para que tenhamos sucesso profissional e pessoal.
O que desejo é que você entenda que há um mundo à sua volta, o qual você deve conhecer para interagir positivamente. E fazer sucesso.