A indústria de ideias sobre a Amazônia
O domínio do setor financeiro e do capital sobre o mercado de ideias é crescente. Daniel Drezner constatou isso no livro “The Ideas Industry” (A Indústria das Ideias) e demonstrou que as ideias pessimistas e dos plutocratas estão dominando a discussão pública.
A indústria de ideias é diversa. Quem lidera as ideias e ações sobre a Amazônia brasileira? Em um primeiro plano, os governos locais possuem um poder limitado sobre o que pode e não pode ser feito. Contudo, dada a condição de poucos habitantes, pouco capital por quilômetro quadrado e baixíssimo estoque de infraestrutura, o poder se torna muito limitado. Certamente, há muito sendo feito, mas com baixíssima visibilidade midiática.
Os governos centrais do país também exercem pouco este poder, pois não possuem muita margem de manobra para investimentos. Assim, a indústria de ideias fica analisando como explorar a região e não como desenvolver. O foco é sempre como tirar alguma riqueza dela, seja para o presente ou futuro.
O domínio do setor financeiro e do capital sobre o mercado de ideias é crescente. Daniel Drezner constatou isso no livro “The Ideas Industry” (A Indústria das Ideias) e demonstrou que as ideias pessimistas e dos plutocratas estão dominando a discussão pública. Algumas propostas passavam por um escrutínio amplo e isso tem acontecido cada vez menos. Com as inúmeras crises financeiras que a mídia tradicional tem passado e os afetos de amor e ódio das redes antissociais, o que temos hoje é uma prevalência de notícias associadas com o que pensam os donos do capital e o que é negativo.
Os aspectos positivos e construtivos são pouco ou nada destacados. O que se quer é destruir ou explorar, como se a geração de riqueza para os detentores de capital fosse a única atitude válida, ao invés de uma difusão social ou de conveniências para todos. As oportunidades de hoje são efetivamente vinculadas com a servidão e não com a criação de tecnologias ou de negócios amplos e libertadores.
Neste contexto, a indústria das ideias sobre o que fazer e o que não fazer na Amazônia tem ficado restrita a um ambientalismo tolo, onde nada se faz ou frente a uma possibilidade de extrativismo do século passado. Estamos presos entre a eterna colônia ou uma completa inatividade improdutiva. O latifúndio versus a fazenda para exportação. As perspectivas transformadoras e tecnológicas não estão nos cardápios das discussões. As alternativas postas com respeito ao futuro possuem as dimensões do não interessante, salvo para pequenos grupos.
Quando haverá espaço para a transformação altiva? O mercado de ideias que se abrirá com a Cop30 provavelmente vai falar sobre o quanto é importante não fazer nada ou mesmo sobre a necessidade de explorar com a sustentabilidade dos donos do capital e não da região. Precisamos começar a construir uma forma mais humana e centrada nas pessoas da Amazônia, com inovação e tecnologia locais. Fora disso teremos apenas um futuro de mais destruição e colonização.