A lição do café
O caos logístico causado pela continuidade dos lockdowns nas cidades portuárias chinesas e, mais recentemente, pela Guerra na Ucrânia tem afetado o comércio global. E nesse processo, com os consequentes baixa oferta de contêineres, atrasos de navios e aumento do custo dos combustíveis, as exportações de café também amargam perdas. Esse cenário foi debatido nos últimos dois dias, durante o XXIII Seminário Internacional de Café de Santos: A exportação do café do Brasil preparada para economia mundial, tradicional evento do setor promovido pela Associação Comercial de Santos (ACS), no Sofitel Guarujá Jequitimar, em Guarujá (SP).
Os participantes do encontro destacaram os impactos dos problemas envolvendo o comércio exterior em suas atividades. Em alguns casos, houve quem passasse a embarcar o grão não em contêineres, mas solto, em navios de carga geral. E devido ao conflito europeu, as vendas internacionais caíram.
Esta realidade está evidenciada no último relatório mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Levantamento da entidade, destacado na publicação, aponta que os embarques de café para o exterior caíram 10,6%, resultado principalmente dos gargalos logísticos causados pelo lockdown na China e pela guerra na Ucrânia, que afetou as importações da Rússia, um dos principais clientes do Brasil neste segmento.
Mas o setor cafeeiro está otimista. Com a alta nas cotações do grão e a valorização do dólar frente ao real, a receita com as exportações (mesmo com que as operações tenham sido reduzidas) subiu 56,3% de janeiro a abril deste ano. O Brasil exportou 13,5 milhões de sacas de café (foram 15,1 milhões em 2021), obtendo uma receita de US$ 3,138 bilhões (US$ 2,008 bilhões no ano passado). Outro motivo que justifica a postura positiva dos exportadores é a expectativa de que os casos de covid-19 na China recuem e, com isso, no próximo semestre, a logística global já caminhará para a normalidade.
Neste cenário, os exportadores de café conseguem dar uma lição sobre como enfrentar as adversidades. Diante dos problemas, eles buscam novos caminhos, alternativas às operações que já não se mostram tão viáveis. Trabalham com os recursos disponíveis e, com criatividade e muito suor, procuram reduzir suas perdas, cultivando a esperança de que a situação melhore em breve.