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José Geraldo Vantine

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A Logística em eventos extraordinários

A Logística foi definida em 1986 no ambiente do Council of Logistics Management (CLM), à época, o fórum global para nós, profissionais do setor. “Logística é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigência dos clientes”.

Com os fundamentos inalterados, a Logística foi evoluindo e, até o momento, é possível identificar os vetores de transformação principalmente devido a: (1) avanço da tecnologia da informação; (2) introdução da tecnologia digital com IA; (3) mudança em modelos gerenciais na gestão; (4) integração das operações com infraestrutura; (5) segmentação por setor (industrial, comercial, internacional); e (6) especialização por atividade.

Assim como toda ciência, a Logística acompanha o dinamismo das inovações e sabe muito bem fazer uso delas. Tradicionalmente, tratamos a Logística no ambiente empresarial, mas o ambiente espacial permite vincular os processos logísticos onde nunca teve presença técnica de destacada importância.

Por isso, o tema “Eventos Extraordinários”. E vou classificar em dois grupos: (A) Planejados e (B) Improváveis.

Como Eventos Extraordinários Planejados (grupo “A”), temos como exemplo: Festa de São João; Festa do Boi de Parintins, Fórmula 1, Carnaval, Copa do Mundo/Olimpíadas etc.

Como eventos Extraordinários Improváveis (grupo “B”), de alto impacto na Logística, temos os exemplos: obstrução do Canal de Suez, redução do calado do Canal do Panamá, seca do Rio Amazonas, enchentes no Rio Grande do Sul, guerras na Ucrânia e de Israel.

Assim, os mesmos fundamentos se aplicam em todos os casos, com as devidas adequações a cada tipo de evento extraordinário – não confundir com eventos extras e programados como Black Friday, Dia das Mães, Natal etc.

Para os eventos extraordinários do grupo “A”, cujos exemplos mencionei, a programação e as operações da Logística são muito desafiadoras para o planejamento da demanda para as indústrias e o plano de abastecimento dos produtos a serem consumidos, no que se refere à contratação de transportes e à operação. Assim, para efeito de Infraestrutura, Transporte e Comércio Internacional, os eventos classe “A” – Fórmula 1, Carnaval, Copa do Mundo e Olimpíadas – apesar de serem extraordinários, possuem processos logísticos bem desenhados e com um equipe especializada e específica, sendo usuários da contratação de prestadores de serviços logísticos. Exemplo: a Fórmula 1 trabalha com a DHL no internacional, e com a Célere Intralogística no nacional. Exigem alta especialização e performance.

Nos eventos extraordinários do grupo “A” essencialmente festivos, como São João para o Nordeste e o Boi de Parintins, o impacto da Logística é mais exigido nas indústrias de produtos a serem consumidos e no transporte de carga e passageiros. Mas, para essa classe de eventos, já existe o conhecimento operacional oriundo de eventos regulares, como Dia das Crianças, Dia da Mães e tantos outros, sendo o planejamento de demanda o maior desafio.

Sobre os eventos extraordinários do grupo “B”, em regra, todos estão na categoria do “improvável” (possibilidade quase zero de ocorrer). Mas na leitura do livro “A Lógica do Cisne Negro”, de Nassim Taleb, analisando os casos mencionados, devemos observar que tanto a Logística como a cadeia de abastecimento, ambas estruturadas para situação normal (que usa previsão e aceita imprevisto), não possuem resiliência elevada atrelada à alta flexibilidade. O improvável representa alto impacto e fator “surpresa” de baixa velocidade de reação. Vejamos dois modelos:

  • Na Gestão da Cadeia de Abastecimento – Supply Chain Management – as empresas criaram um modelo global de fornecedores, em busca da relação ótima “preço x qualidade”, e com isso o transporte internacional, as práticas de comercio internacional, a estrutura portuária (e aeroportuária) ficaram reféns dos impactos. Por isso o impacto de curto prazo é o famoso “efeito chicote”. Os estoques acabam, fábrica param, mercado é duramente afetado, e assim contaminando todas as cadeias produtiva dependentes de suprimentos, internacionais. Qual a solução? Por princípio, nenhuma empresa (nem mesmo o Governo) coloca em sua estratégia “Plano de Contingência” (ou Planejamento de Risco), para esses fatores improváveis. Então a única solução é a completa revisão da Gestão da Cadeia de Abastecimento com foco em dois fatores: 1ª Redução do raio de distância dos fornecedores; 2ª Seleção de fornecedores em zona de baixo risco e alta dependência e transporte em zona de conflito. Isso é fácil? Claro que não! Mas necessário.

 

  • No tocante à Logística os fatores improváveis “classe B”, dois aspectos são impactados e de difícil solução: 1º Estoques; 2º Transportes, especialmente no marítimo de longo curso que funciona como um carrossel. E um evento extraordinário como o do Canal de Suez interrompido, compromete em custos e demora para solução alternativa. E como prever impacto do improvável? Acreditando que ele existe, e que a probabilidade de ocorrência é cada vez maior, e avaliar os recursos demandados pela Gestão da Cadeia de Abastecimento. Buscar soluções de rápida execução com base na hipótese… “E SE? ACONTECER?”. E preparar um roadmap

 

“How we can see, Logistics is simple, but not easy”

 

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