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Hudson Carvalho

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A vida sempre permite escolhas. Qual é a sua?

A cena não chega a ser triste. É, digamos, melancólica. Um rapaz, alto, louro, vinte e poucos anos, sentado sozinho à mesa de um café, daqueles simples, mas com ambiente descolado. À sua frente, um bolinho (um Muffin, adorado nos Estados Unidos). Ele saca do bolso uma caixa de fósforos, espeta um deles no bolinho, acende outro, olha para cima como quem faz um desejo e sopra – sozinho – sua própria vela improvisada de aniversário.

Na mesa ao lado, outro rapaz quase da mesma idade e aspecto dá um sorriso “ladino” (expressão que só minha prima Suely usa, quando quer explicar que alguém é astuto), saca rapidamente seu smartphone e filma a cena. Parece divertir-se com a solidão do colega, embora ele próprio também esteja sozinho.

Em uma terceira mesa, quatro garotas percebem a situação. Uma delas levanta-se, some de cena, volta com um dos pequenos bolos da vitrine, já com algumas velas de verdade acesas. Todas se levantam, cantam Parabéns, o aniversariante se emociona, agradece, enquanto o rapaz do celular levanta-se rapidamente e sai de fininho. “Rápido como quem rouba”, como diria minha avó.

A cena é na verdade um vídeo que recebi em minha página no Linkedin. Não demora muito para perceber que não se trata de um flagrante da vida real. É uma montagem caseira com edição muito simples. O post traz uma legenda: “Na vida você sempre vai ter duas opções. Qual você escolhe?”

É aí que o assunto começa a ter graça: fazer ESCOLHAS. Embalado pelo espírito do vídeo, compartilhei-o na minha página pessoal, acrescentando: Eu prefiro continuar sendo “humano”, aquele antigo, que se preocupa com o outro, quanto consigo mesmo. Muitos usando o termo “humanizado”, poucos praticando. Muita rede social e pouco contato pessoal. Blá, blá, blá, …

As publicações da minha página têm em média de 800 a 1.000 Impressões. Essa, que descrevi acima, atingiu quase 7.000 nos primeiros dias de postagem.

Por que queremos, com tanta ansiedade, entender e aprender com as ESCOLHAS alheias?

Tenho um palpite: é o receio das CONSEQUÊNCIAS. Todos sabemos que há “uma renúncia a cada escolha”. Uma ESCOLHA equivocada e uma carreira se desfaz. Outra acertada e uma vida muda para melhor. Escolher é algo forte demais e, muitas vezes, sem volta.

Elas definem nossa vida e nossa carreira: Devo me casar? Um filho ou dois? Que área profissional seguir? Que especialização escolher? Saio da empresa ou aguardo a situação melhorar?

Na vida pessoal, as consequências de nossas escolhas muitas vezes atingem um número pequeno de pessoas, senão só a nós mesmos. Nas empresas, porém, a abrangência pode ser muito maior. Processos, custos, resultados e, lógico, PESSOAS, em especial se formos gestores de equipes.

Nesse papel, temos que observar com total atenção os sutis detalhes que denunciam, com antecedência, as escolhas que as pessoas à nossa volta estão prestes a fazer. Acredite. É possível “ler” esses sinais. Buscá-los e não adiar ações necessárias para resolver as situações observadas.

Para ilustrar essa análise vamos falar um pouco sobre as formas como as pessoas processam as suas escolhas.

De forma intuitiva: considerando apenas os sinais que nossa sensação interna nos dá, sem levar em conta a lógica e a racionalidade. Seguir o instinto, parece, em primeira análise, uma “técnica” pobre para determinar nossas escolhas. Eu não a desprezo. Instintos são construídos meticulosamente, experiência após experiência, para resumir resultados passados e criar comportamentos que nos dão condições de reação rápida.

Racionalmente: ao contrário da anterior, é construída sobre fatos e dados, que criam subsídios sólidos que baseiam as opções de escolha. Funciona bem, principalmente se as informações utilizadas forem compartilhadas com os demais envolvidos nas consequências. Considerar pontos de vista diversos, trará alternativas em maior quantidade e qualidade, além de tornar o ato da escolha em si, menos solitário.

Baseada em valores: cuidado. Não se trata de intuição. Estamos falando de escolhas feitas com base num conjunto de crenças que fomos adquirindo ao longo da vida e que não nos permitem agir de outra forma.

Com ajuda de Especialistas: hoje em dia é comum ouvirmos “Especialistas apontam, …” algo que acaba banalizando o conceito, quando o tal especialista emite apenas uma opinião. Falo aqui de trazer para o processo indivíduos verdadeiramente preparados, com expertise, informações concretas sobre o negócio e mercado em que atuamos que nos levem a escolhas assertivas e seguras.

Seja qual for o processo que você venha a adotar eu acrescentaria as seguintes dicas:

Respire antes de fazer escolhas. Mesmo aquelas tomadas instintivamente merecem um tempo de maturação. Poucos conselheiros são tão bons quanto uma boa noite de sono. A manhã seguinte traz uma clareza que pode mudar o cenário.

Veja a situação com um expectador, como se a carga das consequências não estivesse apenas sobre os seus ombros. O envolvimento demasiado profundo e a tensão que gera, diminuem a perspectiva e a visão do cenário.

Se você for como eu, faça uma lista de prós e contras. No papel mesmo, anotada à mão. O ato de escrever ajuda demais o processo de reflexão.

Pronto para uma vida de escolhas?

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