quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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Opinião

Agronegócio

Acessos ao Arco Norte, o desafio brasileiro 

Os principais portos brasileiros localizados acima do Paralelo 16, os complexos marítimos do denominado Arco Norte, atingiram uma marca emblemática no ano passado. Eles movimentaram uma tonelagem de grãos superior à operada em Santos, principal porto do  País, localizado no litoral de São Paulo, na região Sudeste. Segundo dados da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (também conhecida pela sigla CNA), Porto Velho (RO), Miritituba (PA), Santarém (PA), Barcarena (PA), Itacoatiara (AM), Manaus (AM), Itaqui (MA) e Cotegipe (BA)  exportaram 38,9 milhões de toneladas dessas commodities em 2021, enquanto o cais santista fez 38,8 milhões. A marca é o destaque de reportagem publicada nesta edição do Jornal BE News.

Apesar do crescimento, segundo levantamento da CNA, o Arco Norte não consegue escoar toda a produção agrícola de sua área de influência, ou seja, das regiões mais próximas de seus terminais. Parcela considerável continua atravessando o País, ampliando seus custos logísticos e reduzindo sua competitividade, para ser embarcada nas instalações do Sul e do Sudeste.

Esse cenário exemplifica um dos grandes desafios do comércio exterior brasileiro, de sua agricultura e, principalmente, da economia do País – a crescente produção agrícola não consegue ser escoada pelos portos que naturalmente receberiam essas cargas, devido à proximidade e, portanto, por representarem, em tese, um custo logístico menor. E isso ocorre devido à falta de infraestrutura logística, especificamente rodovias e ferrovias que acessem esses portos.

Devido a essa insuficiência, na prática, acaba tendo um menor custo escoar as safras por portos mais distantes, porém com acessos melhores, do que levá-los para o Arco Norte, onde parte das commodities não consegue chegar.

Os portos brasileiros competem entre si, o que é natural e recomendado para seu desenvolvimento. Mas não é correto que um complexo do Sul ou do Sudeste acabe escoando um carregamento vindo do norte do Centro-Oeste, que deveria seguir para o Arco Norte, mas não consegue pois faltam rodovias ou ferrovias para isso. Como resultado, perde a economia brasileira, pois seu produto acaba chegando no comércio internacional com um custo ampliado por razões absurdas, reduzindo a margem de lucro dos agricultores.

Essa situação demonstra a importância de se investir nos acessos ao Arco Norte, especialmente com modais como o ferroviário e o aquaviário (navegação fluvial ou de interior), voltadas ao transporte de cargas com menor valor agregado, caso das commodities agrícolas. Ampliar essa infraestrutura é garantir uma logística inteligente ao agronegócio brasileiro e à economia do País, é reduzir os gastos com sua produção (na verdade, com sua entrega) e, no fim, é entregar ao mercado global commodities mais competitivas, com melhores condições de atrair novos consumidores. Manter a situação como está é impedir o desenvolvimento do Brasil e de sua população. 

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