quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Dolar Com.
Euro Com.
Libra Com.
Yuan Com.
Opinião

Artigos

Hudson Carvalho

Clique para ver mais

Articulista

Afinal, somos éticos por natureza ou precisamos de governança?

“O errado é errado, mesmo que todos estejam fazendo.
O certo é certo, mesmo que ninguém esteja fazendo.”
Autor desconhecido, mas que continua tendo toda a razão.

Dizem que Ética é um conceito elástico. Que cada um aplica a ela os seus próprios padrões, ou que o conceito em si pode mudar ao longo do tempo. Discordo. Essa pode ser a definição individual de “moral”, não de ética.

Por que discordo? Porque – sejamos honestos – todos nós temos bastante bem definida, internamente às nossas consciências, a diferença entre o certo e o errado. Aplicá-la, ou não, é que nos transforma em pessoas éticas ou não. Escolha é a palavra.

O desafio, diante de cada decisão a ser tomada, pequena ou grande, é vencer o espírito da Lei de Gerson, que habita em cada um de nós. Lembram dela? O comercial antigo de uma marca de cigarros em que o craque da Seleção Tricampeã de Setenta termina dizendo: “Afinal, você quer levar vantagem em tudo, cerrrto?”

Recentemente assisti a um vídeo no Instagram, no qual o filósofo Clóvis de Barros conta uma história que ilustra bem esse tema. Trata-se de alguém que acorda com dor de cabeça. Sai de casa e para na farmácia. Como não há outro lugar, estaciona em fila dupla, liga o pisca-alerta, afinal esse simples ato autoriza tudo, – e, convenhamos, são apenas cinco minutos. Compra o seu remédio, toma e sai feliz da vida com o seu problema resolvido. “Ponto positivo” para esse “cidadão”, conclui.

E continua explicando: se marcou positivo para essa pessoa “consciente”, temos que marcar “negativo” para as mais de duzentas que chegarão atrasadas a seus compromissos por terem sido obrigadas a passar muito devagar pela única faixa de trânsito que sobrou para o resto do mundo, por conta do carro parado em fila dupla. Conclusão do Clóvis: na soma entre ganhos e perdas, cada vez que alguém fere a ética, a sociedade entristece, empobrece, enfraquece.

Essa questão tem toda a relevância, pois as atitudes que tomamos definem quem somos e a reputação que possuímos.

E nós, como líderes em nossas organizações, transferimos integralmente quem somos para as decisões que tomamos internamente a elas. Não é pouca coisa, se considerarmos que vivemos em um ambiente de negócios onde a imagem tem um profundo impacto sobre o resultado dos negócios. Das grandes empresas listadas em Bolsa até a padaria da esquina, todas são impactadas, da mesma forma, pelo que se diz delas.

“Uma mentira dá meia volta ao mundo antes mesmo que a verdade tenha tempo de vestir as calças.”, como dizia Churchill. Fato ou fake, verdadeiro ou não, é tudo muito rápido. O que for divulgado pode causar um dano imenso à empresa. Não há espaço para errar. Logo, é importante que as decisões sejam tomadas, já na sua origem, por quem tem verdadeiro senso ético.

Se montarmos um time de decisores que agem eticamente, por princípio, usando seus valores e crenças pessoais em acordo com aquelas aceitas pela sociedade como boas e corretas, a possibilidade de errar cai tremendamente.

Então as organizações estão reféns da qualidade ética de seus executivos? Em grande parte, sim. Por isso, é fundamental que a escolha leve em conta não só a habilidade de produzir resultados, mas também a forma como serão produzidos. Já escrevi anteriormente e repito. Não há frase mais danosa para uma organização do que “Não importa se o pato é macho. Eu quero os ovos!”, como dizia um dos meus antigos chefes.

Não nos apavoremos. Há formas de minimizar os riscos. Hoje se fala muito em E.S.G., não? Environmental, Social e Governance. Pois é: a solução está no “G”. É através do estabelecimento de regras claras de governança que os riscos diminuem. Deixar claro o que será ou não será aceito pela organização, ao fazer negócios, tratar os colaboradores, concorrentes, parceiros, a legislação, enfim, todos os stakeholders que circundam o negócio em si.

Definir regras de conduta e cobrar que todos as cumpram, seja qual for o seu nível hierárquico, doa o que doer.

É o “G” que vai forçar os executivos a adotarem postura ética. Se eles já tiverem em seu DNA esse senso, ótimo, tudo será mais fácil. Senão, deverão aprendê-los. Não só para tornarem-se seres humanos melhores, mas para protegerem suas organizações. Não é só de conduta pessoal que estamos falando. É de inteligência para os negócios.

E você? É ético ou precisa de governança?

Compartilhe:
TAGS be job emprego esg ética governança Lei de Gerson mopral trabalho vantagem

Leia também