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quarta, 03 de julho de 2024
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tecnologia & inovação

Angelino Caputo

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AIS 2.0 – Vem aí a nova revolução no controle do tráfego de navios

O AIS – Automatic Identification System (Sistema de Identificação Automática) revolucionou a indústria marítima, fornecendo informações em tempo real sobre o tráfego de navios e aumentando a segurança nas águas. Desde sua criação, o AIS passou por avanços significativos, incluindo a integração de transponders AIS em satélites. Hoje, na coluna tecnologia & inovação, exploraremos o histórico do AIS, seus objetivos iniciais, a entrada dos transponders satelitais e as possibilidades de evolução desse sistema que já estão em curso.

O AIS foi desenvolvido na década de 1990 como uma colaboração entre a IMO – Organização Marítima Internacional e a indústria marítima. Seu objetivo era melhorar a segurança marítima, aumentar a consciência situacional dos navios e facilitar a comunicação entre eles. Em sua configuração inicial, o AIS permitiu a troca automática de informações entre navios e estações em terra, por meio de transmissões de rádio VHF.

Ocorre que o alcance dessas transmissões unidirecionais, que continham basicamente a identificação do navio, sua posição, seu curso e velocidade, não ultrapassava 74 km de distância, exigindo a instalação de diversas estações ao longo da costa.

A partir dos anos 2000, empresas como a canadense ExactEarth e a americana Orbcomm lançaram constelações de satélites de baixa órbita, com capacidade de receber as transmissões AIS dos navios e transmiti-las para as estações terrestres, aprimorando significativamente a cobertura e a capacidade de monitoramento dos navios.

No ano 2000, a IMO tornou obrigatória a instalação de sistemas AIS em determinadas classes de embarcações, como navios comerciais de passageiros, navios de carga com mais de 300 toneladas brutas e em algumas embarcações de pesca.

Aproveitando-se da publicidade das informações geradas pela rede AIS e também de outras fontes de dados, o engenheiro marítimo Dimitris Lekkas e o empresário grego Nicky Pappadakis fundaram, em 2007, a Marine Traffic, uma plataforma amigável cujo objetivo é fornecer dados precisos e atualizados sobre a localização e o movimento de navios em todo o mundo.

Ao longo dos anos, a Marine Traffic expandiu suas operações e a sua plataforma se tornou uma das principais referências no acompanhamento de navios e de informações relacionadas ao tráfego marítimo global, sendo utilizada por empresas marítimas, autoridades portuárias, agências governamentais, pesquisadores e entusiastas marítimos em todo o mundo. Por falar em entusiastas, alguns dos leitores aqui já devem ter me flagrado abrindo o aplicativo no meu celular!

Mas a evolução do AIS não para e a nova fronteira é a possibilidade de comunicação bidirecional, o que permitiria novas aplicações, incluindo a capacidade de se enviar mensagens de texto para comunicação operacional, notificações de alerta em tempo real, controle remoto e monitoramento de sistemas de bordo, serviços de valor agregado baseados em AIS e a integração com outros sistemas de gerenciamento marítimo, como sistemas de gerenciamento de frota, sistemas de gerenciamento de portos e sistemas de controle de tráfego marítimo. Tudo isso poderia melhorar a eficiência operacional, a segurança marítima e a colaboração entre as partes interessadas.

Nesse sentido, a empresa norueguesa Sternula acaba de lançar seu primeiro satélite de uma constelação de baixa órbita, que deve estar totalmente completa e operacional até o ano de 2028. Esse primeiro satélite AIS 2.0, que oferece comunicação bidirecional e um padrão de informações que deve ser brevemente oficializado pela IMO, já permite o desenvolvimento de testes e provas de conceito que possam entrar em produção num futuro breve, antes mesmo da constelação estar completa.

Esse único satélite da Sternula percorre atualmente uma órbita polar, descrevendo uma trajetória que circunda a Terra passando pelos dois pólos. Ele passa sobre a costa brasileira duas vezes por dia, uma “subindo” e outra “descendo”. Quando a constelação estiver totalmente operacional espera-se que pelo menos um satélite seja visível a cada 5 segundos.

Assim, a empresa promoveu um webinário recentemente, que contou inclusive com a participação do diretor de Modernização e Gestão Portuária da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), Otto Burlier, e está convidando todo o mercado a imaginar possíveis aplicações – bem como para desenvolver testes no sentido de amadurecer essa tecnologia, que promete gerar mais uma revolução na tecnologia dos setores marítimo e portuário.

 

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TAGS controle do tráfego de navios informações entre navios Organização Marítima transmissões AIS

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