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Amany Mahmoud Gomaah, Alexandria, Egito

Ela é formada nas letras, mas atualmente Amany, de 39 anos, trabalha com números, estatísticas. Do setor dos transportes marítimos egípcio, ela é pesquisadora.

Tudo começou com os trabalhos de tradução e interpretação assumidos após a conclusão do curso de Língua Inglesa, pela Universidade de Alexandria. Gradualmente, e a partir das letras, ela foi assumindo outras tarefas. Hoje, é pesquisadora de assuntos ligados à atividade marítima e portuária, especialmente em questões ambientais e na Convenção e no Protocolo de Londres. 

“Eu costumava traduzir documentos como partes de convenções ou protocolos, orientações, ofícios, atualizações do segmento. Apesar desse contato com a teoria, é diferente do trabalho nos portos, com atividades logísticas”, comenta Amany.

Há três anos, para se ambientar ainda mais na área, ela resolveu fazer um curso sobre alfandegamento e agentes de navegação. “Foi então que senti que estava realmente longe. Por outras palavras, o nosso trabalho na tradução é mais teórico e o do porto é mais prático”, explica.

Atualmente, Amany não apenas é a encarregada da coordenação das aprovações necessárias para a navegação de cabotagem, como também responde pelo marketing dos portos de cruzeiros egípcios, especialmente através da participação nas atividades da Associação dos Portos de Cruzeiros do Mediterrâneo (Medcruise), a primeira associação de cruzeiros daquela região.

“O que mais me agrada no meu trabalho é a experiência que adquiri ao lidar com os clientes, quer sejam das agências de navegação, quer sejam armadores que procuram a nossa aprovação para as respectivas atividades”, afirma.

A portuária trabalha em uma entidade governamental: é o Setor dos Transportes Marítimos, que, como ela explica, seria o “guarda-chuva” de todas as autoridades portuárias e da holding de transportes marítimos do Egito. 

“Já temos muitas mulheres na nossa organização”, comemora Amany. Elas trabalham como investigadoras, tradutoras, secretárias, relações públicas, recursos humanos, contabilistas, advogadas, analistas de dados. Estão em maior número nos departamentos administrativos, mas, por lá, já alcançam cada vez mais posições superiores, como de diretoras e chefias de departamentos.

O Porto de Alexandria é o mais antigo do Egito. Opera desde antes de Cristo. “É muito histórico desde a exportação de algodão, quando o Egito foi o primeiro país a exportar algodão no mundo”, comenta. 

Hoje em dia, as mercadorias movimentadas pelo porto alexandrino são das mais variadas: carvão, granéis sólidos, cargas conteinerizadas, carga geral, veículos, sem falar do luxuoso terminal de cruzeiros. “O porto está em pleno desenvolvimento e expansão, principalmente nos terminais de contêineres e terminais multiusos”, diz a especialista.

Apesar de ser o maior e mais antigo, o Porto de Alexandria não é o único porto egípcio. No país, entre os principais, também estão os portos de Damietta, Said, Suez, Adabyia, Safaga e Al Sokhna.

“Na minha posição, recolho anualmente os dados relacionados à atividade de cruzeiros e dados das unidades marítimas que trabalham com cabotagem, ou seja, a navegação costeira entre portos egípcios, de todos os tipos de embarcação”, detalha Amany.  

Satisfeita por chegar onde chegou, diante de toda a concorrência que é grande no país – como me contou a egípcia -, o único objetivo profissional que Amany ainda deseja alcançar é poder, um dia, representar os portos egípcios no conselho de administração da Medcruise.

“Uma presença maior de mulheres em qualquer lugar ou posição, no meio profissional, é benéfica”, diz. Ela acredita muito no potencial das mulheres e na forma como elas (nós) lidam (os) com os problemas. “Na nossa região em particular, o empoderamento das mulheres deve ser ativado, uma vez que os problemas econômicos em nossas sociedades impõem a elas que trabalhem para complementar a renda familiar”, afirma a profissional. 

Concordamos que as mulheres são fortes, inteligentes, pacientes e muito dispostas a aprender cada vez mais. Essa também é minha amiga Amany, que, assim como todas as mulheres que se dedicam ao mundo portuário, merecem realmente muito mais do que já estão conquistando.

P.S.: Até a próxima semana, com um perfil das minhas amigas portuárias da Jordânia, Wafaa e Samah. 

 

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