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Augusto Cesar Barreto Rocha

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Amazônia: contra a internacionalização subserviente

É interessante a frequência em que organizações estrangeiras aparecem em Manaus (e certamente em outras cidades) para deliberar sobre o futuro da Amazônia. Fico imaginando o quanto de organizações brasileiras aparecem em Marselha, Liverpool ou Tampa para deliberar sobre o futuro de áreas daqueles entornos da França, Inglaterra ou Estados Unidos, cada qual com seus problemas peculiares. Ainda mais surpreendente é quando vemos líderes brasileiros dando força ao caldo da internacionalização subserviente.

Os negócios que envolvem a Amazônia possuem potenciais vastíssimos e uma grande oportunidade para todos. Em pleno ano de 2024, lidar com a Amazônia como se ela fosse uma área abandonada é uma questão que provoca (ou deveria provocar) grande indignação para todos que possuem algum papel de liderança institucional por aqui, seja comunitária, política, empresarial ou acadêmica.

Os processos de transformação da região deveriam ser liderados pelas instituições nacionais, mas elas estão muito distraídas. Outra possibilidade seriam as instituições locais, mas há um fenômeno de acomodação e de acolhimento dos estrangeiros, como se todos que vêm para cá explorar algum recurso fossem anjos maravilhosos que vêm nos salvar.

Agora que estamos em meio a uma seca histórica, precisamos de alguma forma ao menos lembrar da Civilização Maia, que sofria com uma seca histórica, em 1517, durante a chegada dos espanhóis. Diferente daquela época, hoje não há tanta assimetria tecnológica ou de informações entre os países ou de perspectivas de mundo. O que então nos falta?

Em certa medida, falta investimento e clareza de propósitos. Ainda predomina a lógica da grilagem, onde temos incêndio por todos os lados e uma não pacificação com o espaço geográfico gigante que tem a região. Mesmo as ações de zoneamento realizadas ainda não geraram aceitação, basta ver, como a Txai Suruí relatou na Folha de São Paulo de 22/09/2024, que ainda há assassinato em terra indígena homologada.

Há ainda a taxa da seca, que transfere para empresas estrangeiras os recursos locais para fazer o que o Estado brasileiro não faz, que é garantir a mínima infraestrutura para viver em terras brasileiras, mesmo que esteja na Constituição Federal. O que muito fazemos é falar mal e fazer reuniões que dialogam sobre um futuro que nunca chega e apresenta soluções que agradam estrangeiros. 

Quando assumiremos a liderança da Amazônia por meio das instituições nacionais e que já existem? Quando começaremos a repudiar a internacionalização da Amazônia? A solução passa pelas instituições nacionais, provocadas pelas sociedades locais para tomarem o rumo necessário para transformar este potencial em riqueza para o país e seus habitantes e não para seguir a transferir recursos perpetuando e repetindo os Maias, Incas ou o que viveram nossos ancestrais da Terra de Santa Cruz.

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