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Luiz Dias Guimarães

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As lições do siri e o caranguejo

Márcio sabe disso tudo e muito mais. Certamente o siri e o caranguejo
lhe deram ensinamentos. Do que fazer e como fazer no bioma da política brasileira.
Por isso, tal qual  os crustáceos, frequentemente se movimenta de lado e,
quando preciso, caminha para trás ou para a frente.

 

Ao assumir o Ministério de Portos e Aeroportos, Márcio França lembrou a todos que é do litoral e sabe a diferença entre o siri e o caranguejo. Márcio sabe muito mais.

Sua fala me trouxe lembranças. Há  40 anos, vivi uma madrugada como repórter adentrando o mangue no estuário de Santos (SP). Acompanhei por horas um velho catador que saía às 3 horas de sua casa tosca, de barco, para colher caranguejos. Era dezembro, mês da ‘andada’, quando o crustáceo sai da toca para reproduzir. Leve e solto, fazendo tipo para as fêmeas, é fácil de ser capturado.

A fala de Márcio lembrou-me também a primeira vez em que vi pessoalmente aquele jovem advogado, noviço como vereador em São Vicente, mas já exercendo seu carisma e capacidade política numa mesa cheia no Heinz, choperia tradicional de Santos.

A citação de Márcio me fez recordar as vezes em que, à noite, ainda menino, pescava siri com puçá na praia. Muito mais pelo esporte do que por interesse gastronômico. O siri não é tão saboroso quanto o primo caranguejo.

Sim, há muitas diferenças nessa família. Quem é do litoral sabe que o siri possui 10 patas, sendo as duas traseiras verdadeiras nadadeiras que lhe permitem movimentar-se no fundo do mar com relativa rapidez. Quando pequeno, algumas mulheres só entravam no mar calçando galochas.

O corpo do siri é achatado longitudinalmente e vive em ambiente salgado. O caranguejo, de corpo arredondado, habita o mangue. Ele fica em toca e cumpre importante papel no ecossistema. Também possui 10 patas, mas sem nadadeiras e, em compensação, as frontais, ao longo da evolução natural, se transformaram em garras poderosas e perigosas. São, sem dúvida, a parte mais carnuda e gostosa, especialmente quando o crustáceo é fervido vivo na cerveja. Sim, para comer um caranguejo, tem-se que fervê-lo vivo.

Márcio sabe disso tudo e muito mais. Certamente o siri e o caranguejo lhe deram ensinamentos. Do que fazer e como fazer no bioma da política brasileira. Por isso, tal qual os crustáceos, frequentemente se movimenta de lado e, quando preciso, caminha para trás ou para a frente.

Na sua fala, em auditório lotado, confessou que esperava ocupar o Ministério das Cidades, o que certamente lhe cairia bem. Sua experiência bem-sucedida como prefeito e, depois, como governador lhe deu credenciais para tanto, dada a empatia com o universo municipalista.

Mas, nos portos e aeroportos, rapidamente se situará. Com certeza já estuda de cabeça o mundo portuário e aeroviário. Nisso, é mais hábil que o siri e mais rápido que o caranguejo na ‘andada’. Quando foi nomeado Secretário de Turismo do Estado de São Paulo, prontamente convidou a mim, ex-secretário municipal de Turismo e presidindo uma entidade regional do setor, para uma boa conversa.

Márcio tem a sensibilidade para enxergar o cenário e dialogar com lideranças reunidas em ambientes como o Brasil Export, que congrega as entidades setoriais e onde estão mais de 300 empresários e executivos, as melhores cabeças, que movimentam os portos, a logística e o transporte intermodal do Brasil.

Logo nosso novo ministro terá pleno domínio, afora tudo que já viveu no ambiente do maior porto do hemisfério sul. Saberá dar sequência a inúmeros projetos já existentes e adicionará outros mais, tão logo das conversas que se espera, faça o diagnóstico e crie suas próprias marcas. 

O novo ministro é político hábil. Como Renan Filho, seu colega dos Transportes, que já de cara defendeu expandir as linhas de trem, aliviando nossas rodovias.  

Márcio, esse ser político, tem as nadadeiras do siri, as garras do caranguejo e a capacidade de caminhar no mangue, neste período de ‘andada’, com a inteligência que falta a esses animais.

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TAGS Caranguejo Márcio França ministro Política portos Siri

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