ChatGPT – O MAIS NOVO DESAFIO ENTRE AMEAÇA E OPORTUNIDADE
Com foco no chamado Mindset Transformation ou Mindset Digital, a bola da vez é a aceleração da aplicação da Inteligência Artificial. Eis que chega ao mercado global mais uma iniciativa de “dependência” da tecnologia americana: OpenAI, uma empresa cuja missão é garantir a “Inteligência Artificial Global – AGI, com sistemas autônomos que superam os seres humanos (a missão da empresa pode ser conhecida em www.openai.com). Importante registrar que recentemente a poderosa Microsoft estabeleceu parceria integral (inclusive financeira com a OpenAI). Elon Musk foi sócio fundador em 2015.
Essa introdução é a base para a reflexão do que vem com o aplicativo “ChatGPT.” Em verdade, a IA já está popularizada pela Amazon (Alexa) e Apple (Siri) e outros, mas como afirma Bill Gates: “Até agora a IA podia ler e escrever, mas não conseguiria entender o conteúdo, e o ChatGPT vai mudar o mundo”. Assim como outros produtos que mudaram as “coisas do mundo”, como Waze, Ifood, Uber, nunca houve preocupação com impactos sociais, econômicos ou trabalhistas com essas inovações.
A OpenAI, inicialmente um laboratório de pesquisa, usou a sigla GPT de Generative Pre-Trained Transformer. Claro, para os usuários (onde me incluo) o alcance do entendimento se limita a “saber como usar”! No entanto, a internet já oferece inúmeros sites e postagens tratando do tema (a maioria com explicações pouco fundamentadas). Alguns causam preocupação entre especialistas setoriais, um deles, o setor de ensino, em que começará a haver dificuldade dos professores em diferenciar trabalhos autorais dos alunos, daqueles obtidos pelo uso do OpenAI/ChatGPT. Eu mesmo coloquei dúvida num artigo escrito por um conhecido sobre a aplicação do conceito “User Thinking” em Logística e Supply Chain Management e percebi estilo diferente, bem como, palavras desconexas e erros de concordância no texto.
Na data que iniciei a elaboração desse ensaio (12/02/23) a capa do jornal regional que recebo todos os dias em versão digital (Diário do Litoral), sob fundo negro, traz a manchete “DETOX DIGITAL” que por coincidência foi o título provisório que eu iria utilizar. Todas as edições trazem charge do “Gazo” (autor que não conheço), sempre com seus dois personagens dialogando. Eles não têm nome, mas vou chamá-los de José e João. O diálogo foi:
José: “ChatGPT é um algoritmo baseado em Inteligência Artificial, capaz de responder perguntas complexas, problemas e escrever diversos tipos de textos”.
João: “Incrível, pergunte o que ele poderá fazer pela humanidade no futuro”.
José: “Ele disse que NÃO PRECISARÁ DE HUMANIDADE NO FUTURO!”
Assim como todo chargista, o autor faz uma leitura crítica para os fatos do seu quotidiano. A minha interpretação para o tema: “O céu é o limite” ou “O limite é o mistério”. E como em Logística a relação “Espaço x Tempo” é fundamental, eu completo com o pensamento em que “O Mistério se encontra no cruzamento do Infinito (tempo) com a Eternidade (espaço).
Ainda na linha Think Tech, confesso que já começo a sentir dificuldade em acompanhar a avalanche de soluções que são apresentadas e então resolvi agrupar em 3 áreas da Logística (esse é o meu mundo e não me atrevo a visitar outros, como Medicina (isso cabe a meu irmão médico), como Direito (isso cabe a minha melhor advogada):
- TECNOLOGIA – PROCESSOS OPERACIONAIS
- TECNOLOGIA – DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
- TECNOLOGIA – GESTÃO DAS INFORMAÇÕES
E ainda, para facilitar a visão analítica, separo em três grupos:
- GRUPO 1 – CIÊNCIA (Ex: Inteligência Artificial);
- GRUPO 2 – DESENVOLVIMENTO (Ex: ChatGPT, IoT);
- GRUPO 3 – APLICAÇÃO (Navio de Vela Rotativa, Veículos Autônomos, drones).
Existe ainda outra forma para facilitar a aplicação de todas as tecnologias sem exagerar na dose (lembrar que remédio na dose errada pode matar!), como por exemplo:
- SETOR 1 – TRANSPORTES (Todos os Modais)
- SETOR 2 – INDÚSTRIA / VAREJO / E-COMMERCE
- SETOR 3 – INFRAESTRUTURA (Portos, Aeroportos, Hidrovias)
Uma questão importante para reflexão, até mesmo usando a “velha pergunta”: quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?
Por exemplo, no ambiente da saúde o que determina o desenvolvimento de moléculas dos medicamentos? A doença ou o lado comercial dos laboratórios?
No tema dessa análise de Tecnologia, remeto minha memória há 50 anos, eu jovem engenheiro na General Motors vendo a instalação de sistemas robotizados para o setor de soldagem das partes para formar o veículo. Foi o primeiro salto da tecnologia de produção de veículos até então. Daí para diante, como protagonista da evolução da Logística no Brasil, e tantos outros países, tendo testemunhado que na área de Tecnologia, o fornecedor vem antes do usuário. Os mais experientes vão se lembrar do sistema Copics da IBM nos anos 70, fundamentado no modelo MRP – Materials Requirement Planning, e nos anos 90 a SAP com o ERP – Entreprise Resource Management. E, na era digital, com a frase genial de Steve Jobs quando em 2007 lançou o Iphone “Hoje a Apple reinventou o celular”. Criou dispositivo que abriu caminho para a “Era Digital Móvel”, a revolução mais impactante do século 20 (pra mim talvez comparável a Santos Dumont ao inventar o avião).
Às vezes até percebo que o uso intensivo da palavra “Tecnologia” parece ser algo abstrato pois muitas surgem e desaparecem e outras surgem e se integram no dia a dia que chegamos a não perceber. Isso para todas as áreas da atividade humana. Como a maioria absoluta das inovações tecnológicas nascem no berço do capitalismo global (EUA) e nas mãos de 5 ou 6 “super-mega-empresários”, entendo que, no velho princípio de que “cautela e canja de galinha não fazem mal”, no nosso ambiente da Logística empresarial (os segmentos cobertos pelo BE mais o universo industrial e varejo) passa por uma transição no modelo de gestão e comando híbrido de gerações, o que, a meu ver, exige a cautela na jornada da digitalização para evitar investimentos inadequados que não agregam valor na solução de problemas antigos (Ex: Stockout na Indústria, Ruptura no Varejo, Falta de Aderência na entrega no E-Commerce).
E nessa linha de raciocínio, em três meses do lançamento pela OpenAI, o Chat GPT que já atingiu mais de 100 milhões de usuários (e já está vendendo versão avançada) já começa a causar alvoroço e inquietude em alguns segmentos como jornalismo e educação, mas essa é uma questão mais complexa. Segundo publicação no site da Forbes (texto de Fabiana Corrêa), o ChatGPT já passou em provas para pós-graduação em algumas universidades americanas, e até conseguiu vaga como engenheiro de software no Google
Se o tema merece atenção, indico para o Conselho Brasil Tech Export, até mesmo no evento do dia 27/02 – 1º Encontro de Soluções Tecnológicas para o Setor Logístico Portuário, a ampliação do debate e da análise do tema.