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Adilson Luiz Gonçalves

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Como será o amanhã?

Todo dormir é um fim de mundo, como todo acordar é um renascer, ressuscitar. Pensar no fim nunca é um bom começo. É sempre bom planejar e traçar metas, porém, não se pode negar que existe o imponderável.

A música cantada por Simone busca respostas em vários âmbitos: horóscopo, quiromancia, cartomancia e búzios, entre outros, para concluir que “será como Deus quiser”. Em contraponto, Zeca Pagodinho afirma: “Deixa a vida me levar!”.

Há quem terceirize a vida ou a deixe fluir aleatoriamente, é verdade.

Existem pessoas que não saem de casa sem consultar oráculos, ou norteiam sua vida por consultas a terceiros, não raro pagando bem caro por isso. Essas consultas são como previsões de alguns economistas: se confirmadas, valorizam seu “passe” e eles ganham uma legião de seguidores, são convidados para eventos corporativos; caso contrário,  afirmam que seu alerta evitou que acontecesse o pior.

Dizer como será o amanhã por meio de sortilégios tem sido meio de lucro e ascendência há milênios.

É raro ver um jornal que não tenha uma coluna de horóscopos, ou previsões para o ano seguinte. Também há espaço para videntes, com seus presságios, alguns bombásticos, por vezes anunciando o óbvio. Mais difícil ainda é encontrar quem nunca tenha lido isso, ao menos por curiosidade. Tem quem contrate colaboradores somente após ver seu mapa astral!

Práticas tão antigas não perduram à toa, e existem em várias culturas, das mais primitivas às mais evoluídas. Quem não acredita nelas, as substitui por outras tentativas, antigas ou recentes, de prever ou moldar o amanhã: crença religiosa, magia, mentalização ou práticas de neurolinguística, nem sempre considerando que é preciso combinar com os “russos”, como dizia Garrincha.

Há quem faça cursos para aprender como influenciar ou condicionar pessoas. Alguns nem precisam disso, por conta de um carisma nato. Também não faltam influenciáveis dispostos a segui-los, por oportunismo, ingenuidade ou desespero.

Para uns e outros, todo fim de ano se presta a revisões, previsões, projeções e promessas. Isso vale para místicos, futurólogos e cada um de nós. Também é palco ideal para arautos do caos e profetas do fim do mundo.

Quando eu era criança, isso me assustava, até que ouvi Gal Costa cantar: “Todo fim de ano é fim de mundo, e todo fim de mundo é tudo o que já está no ar. Todo ano é bom, todo mundo é fim. Você tem amor em mim?”. Legal Caetano ter colocado amor nesse contexto. Aliás, todo dormir é um fim de mundo, como todo acordar é um renascer, ressuscitar. Pensar no fim nunca é um bom começo.

É sempre bom planejar e traçar metas, porém, não se pode negar que existe o imponderável. Alguns sucumbem à desilusão, ou culpam outrem ou o universo pela frustração, esquecendo que cabe a cada um de nós “dar a volta por cima” diante de problemas.

A vida precisa ser autoral! Baseada em princípios sólidos, porém sem tolher a evolução do espírito, consciente de que não estamos sós no mundo, sujeito a pessoas e circunstâncias, e afetando outras vidas.

Buscar conselhos e motivações pode ser um meio de reflexão, mas nunca de falsas ilusões. E mesmo quando se trata de fé, se não vier acompanhada de prática dificilmente terá resultados efetivos.

Deus nos deu inteligência e livre-arbítrio, embora muitos tentem de tudo para tolher esse potencial, em benefício próprio ou de grupo de poder. Para evitar a “escravidão mental” é preciso não se deixar levar por “cantos de sereia” e “flautistas” mal-intencionados, o que só ocorre quando a sabedoria se soma a esses atributos.

“O futuro a Deus pertence!” é um dito popular. Mas cabe a nós aprender com os erros cometidos, nossos e de outros, para não repeti-los, buscando e merecendo pertencer a um futuro melhor, não baseado em presságios ou fatalismos, mas na crença de que a vida é uma pedra bruta, que deve ser diariamente lapidada, para revelar toda a sua preciosidade, sob forma de felicidade.

Feliz 2025!

 

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