sábado, 18 de janeiro de 2025
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Descarbonização no apoio portuário – O fornecimento de energia elétrica de terra para os rebocadores é grande aliado

A missão de alcançar a emissão líquida zero de carbono (CO2) está no centro das agendas de ESG (Environmental, Social and Governance) e, por consequência, da Sustentabilidade, marcando-se como uma das prioridades globais. A redução das emissões de gases poluentes, oriundas de máquinas, veículos terrestres, aeronaves e embarcações, é vital para estabelecer um equilíbrio entre os sistemas de produção, a matriz energética e a preservação ambiental. Esse equilíbrio, alinhado ao desenvolvimento sustentável e bem-estar das comunidades, é o objetivo das iniciativas conjuntas de indústrias, governos e sociedades.

Neste cenário, os portos e embarcações assumem um papel fundamental no comércio internacional e na cabotagem, especialmente em um país continental como o Brasil. Os portos são cruciais para a maior parte das importações e exportações, além de serem chave na redistribuição de produtos acabados e commodities.

A indústria de navegação enfrenta desafios contínuos e está em constante evolução. Há esforços coletivos e individuais em curso para a descarbonização, desde mudanças regulatórias, como a Resolução IMO 2020, que impactou projetos de construção naval e a instalação de depuradores de gases em navios existentes, até o desenvolvimento de embarcações dual fuel e navios com velas (wind wings). A busca por certificação de energia renovável em terminais portuários e parques industriais também é um aspecto crucial.

Os rebocadores portuários, essenciais para a segurança e eficiência dos portos, representam um desafio único. Apesar das inovações em novas construções, como rebocadores IMO TIER III e tecnologia hidrodinâmica de dupla quilha, a aplicação de tecnologias em frotas já existentes é complexa, envolvendo considerações econômicas e características específicas de cada projeto.

Um desafio significativo é o período em que os rebocadores permanecem atracados, aguardando o próximo navio a ser assistido. Durante esse intervalo, eles energizam seus sistemas, geralmente através de geradores à base de óleo diesel. Alternativamente, podem utilizar energia elétrica de terra, uma solução mais limpa, especialmente em portos movimentados, podendo reduzir as emissões em até 60% em portos com baixo movimento. Apesar de viável em alguns locais, essa solução ainda não está amplamente disponível em importantes complexos portuários brasileiros, requerendo uma intervenção técnica simples por parte das autoridades portuárias e terminais.

A Comunidade Europeia já discute a obrigatoriedade de fornecimento de energia elétrica de terra pelos portos e terminais, uma prática que promoveria energia mais limpa e eficiente, reduzindo emissões de CO2 e outros gases, além de proporcionar outros benefícios, como a redução de ruídos e desgaste de equipamentos.

Enquanto aguardamos novos tipos de combustíveis, temos a oportunidade de adotar essa solução simples e eficaz, reduzindo a pegada de carbono do setor e contribuindo para um desenvolvimento sustentável dos portos

Autor: Marcelo Knaak. Gerente regional da Wilson Sons

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TAGS (Environmental descarbonização omércio internacional Social and Governance) zero de carbono

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