sábado, 18 de janeiro de 2025
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Adilson Luiz Gonçalves

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E janeiro chegou…

Janeiro chegou. E com ele, 366 dias – pois o ano é bissexto -, mais um Carnaval, mais feriados e, ali, logo ali, mais um fim de ano!

É impressionante como o tempo parece passar cada vez mais rápido, num turbilhão, quase sem percebermos. Flui na velocidade do som, que ensurdece sem se fazer entender; ou da luz, que cega em vez de iluminar.

E por que isso?

Creio que Caetano sintetizou bem esses novos tempos em uma de suas canções, quando afirmou: “É tanta coisa para a gente saber”!

De fato, hoje existe tanta coisa para nos distrair; tanta coisa para ter, parecer, ou simplesmente aparecer, que a gente perdeu a noção do tempo e, não raro, só o percebemos quando ele já é passado. Aí, quando chega dezembro, começamos a fazer planos para o ano seguinte.

Para muitos, esses planos são apenas a repetição dos anteriores, só mudando de versão, tecnologicamente falando. Um novo equipamento que faça muito mais coisas, muito mais rápido e em muito maior quantidade, embora você não use nem 0,5% desse potencial antes de considerá-lo ultrapassado, já de olho na novidade “indispensável”, que você precisa ter para outros verem!

Também pode ser uma viagem exótica, luxuosa, cara e exclusiva, daquelas que você precisa avisar todo mundo que vai fazer e, depois, contar para todo mundo que fez, com todos os detalhes, mesmo que ninguém pergunte.

Pode ser, ainda, comprar toneladas de roupas de grife, ou joias, ou sei lá mais o quê, para que os outros vejam ou, quando não for tão evidente, você diga onde comprou e quanto pagou, ou considere que quem não notou não tem o seu “nível”.

Esse materialismo faz com que a gente se cubra com tantos espelhos, que deixa de notar que todo esse brilho não emana de nós: é apenas reflexo do que nos envolve.

Como a gente seria fisicamente nu sem esses adereços? Como a gente seria espiritualmente desnudado sem esses penduricalhos seculares?

A mesma música de Caetano, de certa forma, também sugere uma reflexão: “Eu preciso aprender a só ser”, embora essa frase dê margem a múltiplas interpretações.

Mas aí está uma das coisas mais humanas que existem: interpretar! É quando saímos da regra, que escraviza, para a reflexão, que pode libertar! Uma reflexão que depende de outro tipo de espelho: o interior, que reflete o que somos para nós mesmos; que não precisa convencer ninguém de nada; que não precisa mostrar algo de valor material para se valorizar; que não carece de aplausos, nem precisa de público.

Mas interpretar também pode ter outras interpretações, como agir ou tentar ser alguém que não se é, como se isso ajudasse a não perceber o tempo passar, ou distraísse de coisas que não se quer enfrentar, ou se desvencilhar da manada.

Nesse sentido, 2024 pode ser apenas mais um ano que mal começa, já termina; ou mais um ano sem sentido, dependendo do sentido que lhe for dado.

No entanto, janeiro chegou e poderá ser o primeiro mês de um ano de muita felicidade buscada, merecida e alcançada; de muito amor sincero e, principalmente, em que cada segundo será vivido consciente e apaixonadamente, em plenitude. Tempo em que o espelho da alma talvez nos permita ver além das aparências; refletir, em vez de espelhar! Iluminar, em vez de ofuscar!

Assim, que em 2024 a esperança nos dê asas, mas que a ilusão não nos tire da realidade; que não sejamos iludidos e que não enganemos outrem, nem, sobretudo, a nós mesmos.

Quem sabe, então, vejamos o tempo passar como uma suave brisa, que nos acaricie e conduza por um caminho de paz, saúde, prosperidade e felicidade, nos livrando de tormentas, turbilhões e horizontes sombrios!

 

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TAGS carnaval janeiro mudando de versão tecnologicamente

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