Educação no pódio!
Nas Olimpíadas, cada conquista de atletas é premiada e celebrada, com suas origens e trajetórias de superação de dores e frustrações sublimadas.
O sistema de premiação de competições esportivas deixa bem claro quem é o melhor, premia esse mérito, e uma medalha valerá por toda a vida, com os heróis sendo eternizados em estátuas, ou denominações de logradouros e prédios públicos.
Ninguém questiona o mérito de quem vence competições esportivas. E mesmo para os que não se classificam, vale o lema olímpico: “o importante é competir”.
Os vencedores são tratados como heróis, viram “influenciadores”, motivam legiões de jovens a praticar suas modalidades.
E quanto à educação? Como ela trata o mérito?
Lembrei de uma competição de Matemática envolvendo escolas públicas e privadas. O resultado de alunos de escolas privadas foi bem superior ao de públicas, mas os organizadores decidiram não premiar por mérito, argumentando que isso poderia ser humilhante aos demais. Premiaram apenas a participação. Creio que isso também os poupou de reconhecerem suas deficiências, enquanto educadores.
Imaginem se esse tipo de avaliação ocorresse na área esportiva…
Imaginem um técnico exortando seu atleta a não vencer, pois isso humilharia os demais competidores? Que motivação o atleta teria para se esforçar? Algum recorde seria superado?
Seria um absurdo!
Não é da natureza humana buscar a superação de limites físicos e intelectuais?
Os resultados do IDEB mostraram que escolas públicas que adotam processos seletivos alcançaram melhores resultados, e que escolas privadas também apresentaram nível diferenciado. No entanto, ainda estamos devendo em nível internacional, bem abaixo da média da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Nas escolas, os esportistas são populares, perseguem recordes, enquanto que os estudiosos normalmente são vítimas de perseguição. Pelo que filmes e séries vêm mostrando há décadas, essa prática é universal.
Inteligência lógico-matemática tem sido pouco valorizada, até desprezada. Prova disso é que as conquistas de estudantes brasileiros em certames científicos internacionais, raramente são noticiadas. Talvez por isso outros jovens não se sintam motivados a segui-los e superá-los.
Não faltam “olheiros” buscando crianças e adolescentes com aptidão para o futebol e esportes de alto desempenho. Também existem “headhunters”, é verdade, que vasculham escolas técnicas e universidades, em busca de profissionais com potencial para o mercado de trabalho. No entanto, desconheço quem vá a escolas públicas do Ensino Fundamental e Médio para identificar alunos cujo potencial mereça investimento em melhores condições de aprendizagem, a não ser para serem aproveitados em estratégias de marketing de cursinhos para vestibulares.
Isso pode até ocorrer para superdotados, mas há pais que têm dificuldades para identificar esse potencial, por ignorância ou medo de perderem sua ascendência sobre os filhos. As escolas também não ajudam muito quando adotam um ensino padrão e progressão continuada. Isso, sim, desmotiva, perigosamente promovendo a mediocridade.
A ideia de igualdade de oportunidades é justa, mas o mérito precisa ser incentivado, reconhecido e celebrado em todas as áreas!
É importante que a educação de qualidade seja democrática, mas também precisa ser diferenciada, para permitir o pleno desenvolvimento de potencialidades intelectuais, pois o desenvolvimento socioeconômico, científico e tecnológico de um país não se faz apenas com esforço físico.