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Luiz Dias Guimarães

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ESG do tempo

Cansei! Imagino que você também. Há 50 anos, criaram a ‘semana de cinco dias’. Agora o mundo testa a de quatro dias de trabalho. A gestão do tempo tem tudo a ver com a das nossas vidas. Tempo é só uma marcação. Um ano em Netuno, por exemplo, dura 165 anos nossos. Mas a felicidade não se mede, apenas se sente.

Sejamos justos. A escravidão acabou, se bem que, de vez em quando, encontram uns escravos por aí colhendo uvas ou tecendo roupas xingling em algum quarto escuro.

No mundo visível em que circulo, tivemos grandes conquistas. A semana laboral padrão passou para cinco dias e pudemos circular aos sábados no shopping e curtir o sol no domingo. Então por que estou tão cansado?

Há muita gente reavaliando essa relação do tempo com o trabalho, o lazer, o meio ambiente e a felicidade. Vários países testam a produtividade em quatro dias de trabalho semanais. E a pandemia trouxe a realidade do home-office. Estamos descobrindo que estar presente fisicamente não significa que estejamos produzindo de verdade. E muitas vezes agendamos reuniões internas ou externas sem qualquer rendimento prático.

O home-office, mesmo que híbrido, parece ser uma realidade sem volta em muitos setores. E a semana de quatro dias úteis é uma tendência na Europa, nos Estados Unidos e noutros cantos. Logo chegará no Brasil.

Em alguns pilotos desenvolvidos  pela organização sem fins lucrativos 4 Day Week Global,  viu-se uma redução no tempo dos deslocamentos e também na emissão de carbono. 

Quando deixamos de ir ao trabalho, isso traz muitas vantagens para todos, tanto financeiras como ambientais. Mas o mais importante: deixa as pessoas mais felizes. Nos pilotos, observou-se que a produtividade aumentou por isso.

E é aí que está a questão principal: o grau de felicidade e como gastamos nosso tempo, o que não tem a ver necessariamente com o quanto as empresas exigem de nós. A rigor, quando estamos todos comprometidos com ESG no trabalho, precisamos pensar também em nossas casas, em nossas famílias.

Quanto estamos bem nessa relação social diária? O que fazemos no lar e no lazer para poupar o meio ambiente? Quanto tempo gastamos sem interagir docemente com nossos entes e quantas horas cada um consome com tantas informações digitais? 

Não nos damos conta, mas a verdade é que isso tudo estressa, desgasta o sentimento de estar bem e pode ir na contramão da felicidade. Como ser feliz? Simplesmente trabalhando menos, perdendo menos tempo nos congestionamentos? Sim e não, porque às vezes, em nosso tempo livre, inventamos coisas tão idiotas quanto muitas reuniões no trabalho.

Vivemos um tempo de profunda reflexão e mudanças. A Inteligência Artificial poupa cada vez mais nosso trabalho e temos que nos reinventar para sobreviver. Ela está nos permitindo ser mais felizes e termos relações mais saudáveis em casa? Principalmente, estamos criando seres humanos melhores?

Li há dias uma charge em que o cidadão dizia que não estava preocupado com a evolução da IA, mas sim com o retrocesso da Inteligência Natural. Será que o chat GPT pode nos responder?

Sem dúvida, produzir faz nos sentirmos melhor e tende a garantir nossa sobrevivência, seja de que maneira for e por quanto tempo. Mas a qualidade desse trabalho e como usamos o tempo restante são os fatores que podem efetivamente nos transformar em seres melhores e mais felizes. Isso é missão de ESG sobre o tempo em nossas vidas.

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TAGS esg felicidade felicidade não se mede meio ambiente relação do tempo e o trabalho

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