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quarta, 03 de julho de 2024
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Sergio Cutrim

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ESG e os novos mares na sustentabilidade portuária

ESG não é modismo ou tendência. É uma evolução do tradicional Triple Botton Line da Sustentabilidade (dimensão ambiental, social e econômica). ESG, para a sigla em inglês Environmental, Social and Governance, para o bom português, Ambiental, Social e Governança, começou em 2004, quando houve uma conferência organizada pelo Pacto Global e pela ONU, liderada por Kofi Annan.

 

Estamos vivendo tempos difíceis, epidemia, guerra, mudanças climáticas, crise econômica, política e de contêiner. Contudo, há esperança. E este sentimento nos inspira e nos motiva. Essa esperança está na mudança de paradigma de um capitalismo sem limites para o capitalismo de stakeholders. O objetivo de apenas obter lucro pelas organizações não é mais suficiente para o sucesso e perenidade. Neste novo tipo de capitalismo, além da geração de riqueza, as organizações mais modernas estão buscando entregar um propósito social para a sociedade. Este propósito social se une com a definição de visão, valores e missão, reescrevendo os manuais de planejamento estratégico. As organizações se posicionam como ativistas corporativas. Este novo vetor de desenvolvimento contribui para melhorar a relação com a comunidade, atrair e reter os melhores talentos e também aumentar a lucratividade.

E como os portos devem se posicionar neste novo contexto? Este é o grande desafio para os verdadeiros líderes. Muito se fala em transformação digital, mas antes de pensarmos em inovação, inteligência artificial e navios autônomos, vamos discutir a jornada de transformação sustentável. Apenas repetir que o transporte aquaviário é o mais sustentável entre todos os modais não é suficiente.

Neste contexto de capitalismo de stakeholders e de sustentabilidade surgiu a ideia do livro Manifesto ESG Portuário. ESG não é modismo ou tendência. É uma evolução do tradicional Triple Botton Line da Sustentabilidade (dimensão ambiental, social e econômica). ESG, para a sigla em inglês Environmental, Social and Governance, para o bom português, Ambiental, Social e Governança, começou em 2004, quando houve uma conferência organizada pelo Pacto Global e pela ONU, liderada por Kofi Annan. Contou com a participação de 50 CEOs das maiores instituições financeiras do mundo. Este encontro resultou na publicação Who Cares Wins, que cunhou pela primeira vez o termo ESG.

Em 2020, Larry Fink, CEO da BlackRocky (maior gestora de ativos do mundo com US$ 10 trilhões), divulgou sua carta anual aos acionistas com diretrizes para investimentos em empresas com práticas em ESG. Na carta de 2022, foi ressaltado o Capitalismo de Stakeholders e o propósito como vetor de rentabilidade das organizações. Este movimento vem se expandindo com muitos impactos na estratégia das organizações.

No setor portuário não é diferente. A relevância do modelo de gestão ESG só vem aumentando, assim como na academia. Na Universidade Federal do Maranhão, eu coordeno o grupo de pesquisa LabPortos. Ao desenvolvermos o planejamento estratégico de 2021, nós elencamos o tema ESG como diretriz principal. Este tema vai nortear nossas pesquisas, orientações, projetos, eventos, artigos etc.. Como um dos resultados deste planejamento estratégico, resolvemos produzir a primeira publicação brasileira dedicada ao setor portuário sobre o tema ESG. Assim como a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) fez em 2011, sob a gestão do diretor-geral Fernando Fialho, com a publicação O Porto Verde, o livro Manifesto ESG Portuário pretende contribuir para a disseminação da temática da transformação sustentável e do ESG.

O livro foi organizado por mim e pelo professor doutor Leo Tadeu Robles, pesquisador do LabPortos, e tem como coautores, além da nossa participação, a também pesquisadora do LabPortos, profª. dra. Darliane Ribeiro Cunha. E contou com os(as) convidados(as) prof. M.Sc. Diego Matos (Instituto Federal do Maranhão),  Luane Lemos (gerente ambiental do Porto do Itaqui), Flávia Nico (Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários) e Luciana Guerise (Associação de Terminais Portuários Privados).

O objetivo do livro está relacionado diretamente com o título. Como um manifesto, pretendemos sensibilizar e persuadir a comunidade portuária a aderir ao modelo e estratégia ESG. Pretendemos que ele seja mais um passo a auxiliar os portos e terminais na jornada da sustentabilidade. Também esperamos que ele sirva aos pesquisadores, professores e estudantes que se interessam por logística, portos e sustentabilidade. Ele aborda os seguintes temas: evolução da sustentabilidade; gestão ambiental portuária; inovação social; governança portuária; transparência e relatórios de sustentabilidade; Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e comunicação e gamificação no setor portuário.

Por estes motivos resolvemos publicar o livro de forma digital e gratuita com o objetivo de compartilhar o máximo possível este conhecimento e esta provocação. Ele pode ser acessado no link: https://rebrand.ly/manifestoesgportuario.

Alguns portos já estão bem adiantados nesta jornada de transformação sustentável, outros ainda carecem de sensibilização, formação e investimentos. Todos os atores do ecossistema portuário, academia, portos, reguladores, clientes, armadores e demais operadores precisam se conectar e trabalhar em conjunto. Haverá momentos de competição, mas há momentos de colaboração e cooperação. E este é um bom motivo para colaborar e cooperar.

 

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