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Opinião

Editorial

Ferrovias: a rota lógica e necessária para um futuro sustentável

A discussão sobre sustentabilidade no setor de transportes passa pelos trilhos. E essa tese foi reforçada nessa terça-feira, dia 23, com as declarações do presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Davi Barreto, durante o Norte Export 2024, realizado em Palmas (TO). A ênfase na necessidade de uma agenda pública de investimentos em ferrovias não poderia ser mais oportuna e relevante para o Brasil. Em um país onde o transporte rodoviário domina a matriz logística com cerca de 70% das cargas, a mudança para um modal mais sustentável, como o ferroviário, é uma questão urgente e estratégica.

O setor ferroviário, responsável por 21% do transporte de cargas, emite 85% menos dióxido de carbono em comparação com as rodovias, ao se considerar a movimentação de cargas por quilômetro. Barreto destacou um dado impactante: a migração de apenas 1% da matriz de transportes para as ferrovias resultaria em uma redução de 2 milhões de toneladas de carbono emitidas anualmente. Essa cifra não é apenas significativa, é transformadora. A redução nas emissões de gases de efeito estufa é um passo crucial para que o Brasil se posicione como líder na agenda global de sustentabilidade.

A inclusão das ferrovias na agenda pública de investimentos é uma necessidade clara. O Fundo Clima, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), atualmente não contempla as ferrovias como elegíveis para captação de recursos. Esta exclusão representa uma oportunidade perdida. A política de descarbonização e desenvolvimento sustentável do País deve reconhecer o potencial das ferrovias para impactar positivamente o meio ambiente.

A questão não se trata de preconceito contra as ferrovias, como ressaltou Barreto, mas sim de uma falta de priorização dentro dos recursos limitados do Fundo Clima. É fundamental que o Governo Federal seja convencido da importância estratégica do setor ferroviário na agenda de mudanças climáticas. As ferrovias oferecem uma solução tecnológica robusta e sustentável, com potencial de impacto significativo na redução de gases de efeito estufa, o que poucos outros setores conseguem proporcionar.

O apoio governamental e a alocação de investimentos para o modal ferroviário não só beneficiarão o meio ambiente, mas também promoverão uma logística mais eficiente e competitiva. A integração de ferrovias e hidrovias pode reduzir a dependência do transporte rodoviário, conhecido por seus altos custos e impacto ambiental. Além disso, um sistema de transporte diversificado aumenta a resiliência logística do País, garantindo que crises como a escassez de combustíveis ou estrangulamentos rodoviários não paralisem a economia.

A defesa das ferrovias como opção logística sustentável é uma pauta que deve ser intensamente promovida e adotada pelo Governo Federal. Os investimentos necessários para expandir e modernizar a infraestrutura ferroviária são uma aposta segura no futuro do Brasil. Um país com uma matriz de transporte mais equilibrada, que prioriza modais sustentáveis, estará melhor posicionado para enfrentar os desafios ambientais do século XXI, ao mesmo tempo em que fortalece sua economia e aumenta sua competitividade global.

O transporte ferroviário não é apenas uma alternativa viável; é a rota lógica e necessária para um futuro sustentável. A liderança do Governo Federal e o compromisso com essa visão são cruciais para transformar essa potencialidade em realidade. As ferrovias devem ser vistas como um ativo estratégico, essencial para o desenvolvimento econômico e ambiental do Brasil.

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