Manaus noutra encruzilhada histórica
A reforma tributária traz mais uma encruzilhada histórica para Manaus. A cidade poderá se tornar ainda mais vibrante, com o aproveitamento das indústrias internacionais aqui instaladas, das pessoas do mundo, um centro de atração de uma pretensa sustentabilidade para a Amazônia, local de uma dinâmica tecnológica inovadora, em meio a uma exuberante floresta e cidade que convivem em harmonia e crescimento. Ou desistir desta conquista, caminhando para o caos urbano, desemprego e esfacelamento do tecido social em uma estrutura disfuncional.
A vocação de centro de tecnologia e meio ambiente está mais uma vez no marco legal. A vocação histórica é de uma grandiosidade, mas que pode se autocondenar ao Porto de Lenha. A cidade poderá se posicionar e se alavancar de seu próprio sucesso relativo a partir do momento em que se sinta como sucesso. Ela já aparece nas classificações internacionais de habitabilidade – nesta semana, foi uma das três cidades brasileiras a compor a lista da revista The Economist, junto com Rio de Janeiro e São Paulo.
Diferentemente de Bangalore, na Índia, que é uma cidade com baixo custo de vida, Manaus é mais cara. Todavia, ambas possuem uma dinâmica tecnológica expressiva que necessita de potencialização. Podemos nos tornar um centro atrator de jovens e mentes brilhantes, saindo da condição de exportador de pessoas com perfil empreendedor. Os desafios atuais são facilmente sanáveis, pois não precisamos de pessoas, mas apenas de recursos financeiros para reforçar as infraestruturas onde a presença do Estado é importante.
Não temos os problemas típicos do aquecimento global ou da poluição desenfreada. Se as queimadas forem combatidas, com a aplicação firme da lei, se o ensino for reforçado com a alocação orçamentária apropriada, se as assimetrias de infraestrutura forem enfrentadas seguindo a Constituição Federal, alocando-se mais recursos aqui do que em outras regiões do País, e se a dinâmica da Reforma Tributária for aproveitada em toda a sua extensão, Manaus poderá ser o grande centro atrator de investimentos nacionais.
Cidades multiculturais enfrentam problemas étnicos, mas por aqui juntamos o sushi com a pizza, o pão com o tucumã e tantas outras misturas que harmonizam as culturas. Em poucos quilômetros quadrados, temos um convívio harmônico das pessoas e dos capitais financeiros. O Teatro Amazonas e o Boi de Parintins marcam a cultura local e sua conexão com o mundo. Se nos posicionarmos como voltados para a grandiosidade, com uma liderança e união conforme a demonstrada na reforma tributária, poderemos juntar as nossas diversidades como força e superar as incontáveis mazelas.
É urgente usar o aprendizado do esforço empreendido na Reforma Tributária para os planos de investimento no Estado não serem destroçados. É importante trazer de volta o Governo Federal para o Amazonas, com a UFAM, IFAM, INPA, Embrapa, Suframa, transportes e uma forte presença ambiental. A junção do capital privado que já existe por aqui com investimentos federais poderá resgatar a dinâmica perdida do período da borracha e levar a grandiosidade e a exuberância da floresta a transitarem para a economia, para as pessoas e para o País. Saberemos nos mover nesta nova encruzilhada? O convite está feito e o sucesso político recente da reforma precisa ser continuado noutras frentes.