Um novo paradigma
O desenvolvimento de qualquer empreendimento, principalmente nos últimos anos, depende de sua capacidade de inovação, da atenção que dá para seus setores de pesquisa e tecnologia. E nos campos portuário, de logística e transportes, a realidade não é diferente. Nesse cenário, se destaca o programa do Governo do Maranhão de financiar projetos de pesquisa e inovação no segmento portuário. Um total de R$ 7,4 milhões foi destinado a esses trabalhos, a partir de uma parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema) e da Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP), administradora do Porto do Itaqui.
Conforme as regras do programa, as pesquisas devem ser realizadas por instituições de ensino do próximo estado, tanto públicas como privadas, e devem ter como temas um dos seus eixos definidos no edital: Operações Portuárias, Meio Ambiente, Relação Porto-Cidade, Desenvolvimento Socioeconômico Sustentável, Desenvolvimento Tecnológico e Gestão Pública Portuária. Cada estudo aprovado pode receber até R$ 1 milhão.
Trata-se de uma estratégia relativamente simples, mas com um amplo e complexo impacto no setor portuário do estado. Inicialmente porque, a partir desse hub de conhecimento que se pretende implantar, vai se atrair e fomentar a pesquisa nesse mercado, podendo levar a inovações que resultem em práticas operacionais de menor custo e melhor logística. Dessa forma, há o potencial de se chegar a uma melhor competitividade para as operações portuárias no Maranhão e, como consequência, tornar suas instalações mais atrativas para os operadores de cargas.
A estratégia não é nova. Práticas semelhantes são adotadas por autoridades portuárias do Norte da Europa, como a de Antuérpia (Bélgica) e de Roterdã (Países Baixos), e do Extremo Oriente, caso da de Cingapura. Aliás, esses complexos há muito já reforçam que buscam se consolidar como grandes “smart ports”, ou seja, portos inteligentes, considerando que, ao buscar inovações, é possível desenvolver novos procedimentos e tecnologias que acabam por reduzir custos e otimizar processos e, como consequência, atrair mais cargas.
No Brasil, porém, o setor portuário pouco investe em tecnologia e inovação. E quando o faz, é de maneira bem tímida. As parcerias com centros de ensino e pesquisa são raras e essas, salvo honrosas exceções, se limitam à abertura de bancos de dados operacionais aos investigadores científicos. Este é um dos motivos de iniciativas como a do Porto de Itaqui e do Governo do Maranhão se destacar. Que o exemplo seja seguido e um novo paradigma se imponha nesse mercado. O futuro e o próprio presente dos portos brasileiros certamente vão agradecer.