quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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Momento positivo na infraestrutura

Por Márcio Galdino
Diretor-regional do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg)

 

A infraestrutura brasileira é um motivo histórico de debates, por vezes acalorados. É sabido por todos que o Brasil, para crescer e sustentar a economia com exportações e venda internas, precisa se livrar de gargalos. De portos e aeroportos às rodovias, sempre podemos melhorar para dar mais fluidez aos transportes, e aumentar a produtividade.

Os últimos meses, nesse sentido, foram oportunos. Somente no âmbito do Governo Federal, o ano de 2024 deve fechar com oito leilões para definir novos concessionários de rodovias. Isso sem contar os processos de privatização dos estados. 

Os números parecem pródigos se se levar em conta o horizonte de 2026. Nas estimativas federais, chegaríamos a 35 leilões até o final do governo. A conta de investimentos inicialmente estimada é de R$ 110 bilhões. Eis uma cifra que poderá ser ampliada se os planos de concessão forem levados a cabo a contento.

A notícia é boa, principalmente para os que se utilizam das rodovias. A agroindústria é um dos setores mais beneficiados, pulmão que é das exportações brasileiras, com cerca de 48% do total do que é vendido ao exterior. Mas o transporte de pessoas e o de cargas, inclusive de automóveis zero quilômetro, depende muito da boa qualidade das estradas.

Os dados oficiais, coligidos pelo Ministério dos Transportes, mostram que os aportes financeiros advindos das novas concessões têm surtido efeito nos indicadores de avaliação pelos usuários. O Índice de Condição da Manutenção (ICM), calculado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), atingiu 70% de estradas em boas condições em maio, o que representou a melhor marca desde 2016.

Segundo os indicadores mais recentes, a proporção de malha péssima é de 12%, a menor desde 2016. Em 2022, a título de comparação, 52% da malha era considerada boa e 23%, ruim ou péssima. 

Calculado mensalmente a partir de levantamentos de campo, o ICM traz em dados uma avaliação que nós, os cegonheiros, conhecemos na realidade cotidiana. Afinal, transportamos ao ano mais de 2 milhões de unidades – além das 2,1 milhões fabricadas em 2023, entram na conta os quase 200 mil importados no primeiro semestre de 2024, segundo os últimos dados disponíveis.

Trafegar em vias em boas condições de sinalização e asfalto é sinônimo de segurança e produtividade. Ainda não há dados compilados sobre os impactos que todos esses bilhões em investimentos terão em termos de redução de acidentes. 

O Brasil ainda tem índices preocupantes, principalmente se se levar em conta as mais de 33 mil mortes registradas em 2023, conforme dados preliminares divulgados em setembro pelo Ministério da Saúde. É de se acreditar que, com tantas notícias de investimentos, isso se traduza numa redução dos acidentes, pelo menos no médio prazo.

Por todos os indicadores aqui listados, os aportes em infraestrutura indicam um momento alvissareiro para toda sociedade. Cabe a nós, atores do ecossistema de transporte, acompanharmos e contribuirmos para que os recursos e as políticas públicas se traduzam, efetivamente, em vidas preservadas e crescimento econômico. É o que o Brasil mais precisa.

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