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Hudson Carvalho

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Não, não e não!! consegue conviver com isso? diga; sim, eu consigo!

É preciso coragem para levantar-se e falar, mas também é preciso coragem para sentar-se e ouvir.

Winston Churchill

Quem me acompanha por aqui sabe quanto admiro Churchill. Curto até suas frases mais narcisistas (nem que seja para refletir sobre elas e não segui-las), como “A história será gentil para mim, pois pretendo escrevê-la.”.

Hoje, porém, poderia começar a esse texto com um simples ditado popular: “Falar é prata. Ouvir é ouro”.

Quero falar sobre OUVIR e DIZER NÃO. Como é difícil ouvir NÃO. E falar NÃO? Mais ainda, talvez.

Vamos começar com OUVIR NÃO.

Em nossa caminhada diária, vamos encontrar pelo menos dois tipos de NÃO para os quais precisamos estar preparados: os DEFINITIVOS (como a morte, a demissão de uma empresa na qual você adora trabalhar, …) e os TEMPORÁRIOS (ser preterido para uma promoção, não conseguir manter ou dar o próximo passo num relacionamento, não conseguir mudar um hábito que atrapalha a carreira e a vida pessoal). Os “NÃOS” podem vir da sociedade, da organização para a qual trabalhamos ou de dentro de nós mesmos.

Ouvir não é ir ao encontro de nossos limites. Aqueles que nos são impostos e outros que nós mesmos criamos e alimentamos em nosso interior como se fossem verdadeiros.

Frente a esses tipos de “NÃO”, nos cabe aceitá-los ou trabalhar fortemente para aumentar nossos limites. São os limites que nos definem, então, se formos fortes o suficiente, ouvir um NÃO terá sido benéfico.

Escrevendo essa parte do texto, lembro de um trecho da Oração da Serenidade: “Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e sabedoria para conhecer a diferença entre elas.”. É mais do que Filosofia. É o roteiro prático de um exercício diário.

Continuando na linha de ser prático, descrevo aqui quatro passos que uso para conviver com os “NÃOS” que recebo diariamente:

  1. Coloco-me no lugar do outro: “ele” tem razão? Eu sou/estou agindo de forma equivocada? É um exercício de autoconhecimento;
  2. Descubro onde está o meu “copo meio cheio”: talvez eu esteja realmente estar agindo de forma errada nesse momento, mas, tenho outras (e são muitas) qualidades que me ajudarão a superar;
  3. Aprendo com o episódio, preparando-me para não errar novamente, no mesmo ponto;
  4. Não fico remoendo: bola para frente. Reviver o passado me retira tempo e capacidade de foco para buscar os “SINS”.

Escrevendo-os de forma organizada, os releio e vejo que não são um exercício fácil de realizar. Mas vejo também o quanto são necessários e importantes para crescer como ser humano e como profissional. Todos recebemos nãos, definitivos e temporários, grandes e pequenos, todos os dias.

E DIZER NÃO! Parece que nos deixa do lado do forte, fácil, da questão. Mas será verdade?

Antes de falar sobre o assunto, peço que relembre a sensação incômoda que sentiu na última vez que foi obrigado a dar uma má notícia, um “NÃO” a alguém. No trabalho é difícil, em casa mais ainda, em especial na educação dos filhos.

Lembro isso pois você e eu sabemos que há muita similaridade entre os papéis de PAI e de LÍDER de uma equipe. Querer vê-los (filhos e subordinados) crescer exige dizer muitos “NÃOS”.

De novo me vem à mente outro provérbio, do qual gosto muito: “Homens fortes criam tempos fáceis. Tempos fáceis geram homens fracos. Homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes.”.

Dizer “NÃO”, explicando as razões de fazê-lo, cria seres humanos fortes. E, quer saber? Discordo parcialmente do provérbio, pois se eles (filhos e nossas equipes) aprenderem a dizer não dessa forma, continuaremos a criar tempos fáceis, continuamente.

Minhas filhas e os profissionais a quem tive a honra de liderar, provavelmente não dirão que fui “bonzinho”, mas dirão que não os deixei para trás, sem apontar onde poderiam melhorar como profissionais e pessoas.

Há um outro lado nessa história. A baixa capacidade de dizer “NÃO” nos deixa com a sensação de solidão. E de que o problema – seja ele qual for – continua em nosso colo.

Farei a seguir uma lista de dicas sobre como lido com a necessidade de dizer ‘NÃO”, mas adiantarei a mais importante delas: perca o medo das críticas. Nunca haverá uma situação – em casa ou no trabalho – na qual TODOS concordarão com você. Esqueça. Prepare-se adequadamente para dizer não e viva mais feliz e com a sensação de dever comprido.

Vamos para as dicas?

  1. Não tenha pressa: reflita. Esse “NÃO” precisa mesmo ser dito? Está alinhado com a realidade e com os meus valores? Ou é um desejo, a minha forma de ver a situação. E, atenção: refletir nesse caso não é achar razões para desistir;
  2. Prepare-se com fatos e dados. Tenha argumentos para as prováveis contra respostas que vai receber. A preparação deve incluir essas possíveis reações também;
  3. Lembre-se dos “NÃOS” que já recebeu e use isso em seu favor;
  4. Dizer “NÃO” é diferente de ser grosseiro. Use as palavras adequadas;
  5. Falando em linguagem, digo, use a forma mais simples possível de dizer o “NÃO”. Sem enrolação.

Ficou claro?

Termino com uma frase que é mais do que um trocadilho: Dizer sim para tudo é dizer não para si mesmo.

 

Hudson Carvalho é Consultor em Gestão de Pessoas e Estratégia Empresarial, Diretor Executivo da Elabore Online – Resultados Através das Pessoas e Diretor da WISDOM – Gestão Organizacional (Desenvolvemos Pessoas e Processos) – Baixada Santista e ABCD

 

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