Não subestime as pequenas coisas da vida. São elas que seguram o restante
“Menos é mais”.
Dito popular
É quase impossível não ficar reflexivo nessa época do ano. As inúmeras confraternizações, o encontro com velhos amigos, a família por perto, as lembranças. Tudo isso em relativa tranquilidade, que nos permite, pelo menos um pouco, observar o tempo passar.
Excelente oportunidade para “curtir”, digo, literalmente. Permitir o tempo adequado para que cada fato da vida assuma o seu real tamanho. Que possamos observá-los sob a perspectiva adequada. Se fosse um Artigo sobre Desenvolvimento de Pessoas, chamaria de Curva de Aprendizado. Felizmente é mais do que isso.
Quantas decisões e julgamentos precipitados teríamos evitado em nossas vidas e carreiras se tivéssemos a paciência de dominar o tempo, ao invés do contrário. Uma distinção importante, entre fazer as coisas com pressa e fazer rápido. Fazer rápido é realizar de forma planejada e bem executada, cirurgicamente, acertando da primeira vez. Fazer com pressa, … é algo completamente oposto. E ruim.
Outro ponto para prestarmos atenção é a diferença entre assuntos urgentes e importantes. Todos temos urgências para cuidar. É importante que o façamos. O problema aparece quando, após resolvermos as urgências, não voltamos para os importantes. Quem permanece nas urgências, fica refém delas eternamente.
Aqui em casa, minha mulher Silvia e eu temos uma disciplina rigorosa de tomarmos juntos, diariamente, um bom café da manhã. Bom, não só pelo que comemos, mas ótimo, por ser o momento em que colocamos os assuntos em dia, aparamos diferenças, planejamos o dia.
Por que não começamos o dia assim com nossas Equipes também?
Sem formalidade rigorosa, mas com “olho-no-olho” que nos ajude a colocarmos os assuntos em andamento, no rumo certo. É o momento para um bom feedback também. Uma celebração por bons resultados, por que não? Mais do que tudo, a chance para que a convivência aconteça. Ninguém confia em quem não conhece.
Recentemente, conversando com um amigo, engenheiro como eu, lembrávamos do tempo em que – ambos estagiários – víamos o dia começar com o gerente dele e o meu investindo 30, 40 minutos passando de mesa em mesa, perguntando como o trabalho estava fluindo, se precisávamos de algo. Sentíamo-nos incluídos, respeitados e motivados, algo que as empresas de hoje gastam uma fortuna para conseguir, muitas vezes sem sucesso. Então, uma xícara de café e uma boa conversa.
Outro costume que mantemos aqui em casa – como muitos fazem hoje em dia – é “maratonar” séries de TV e assistir a filmes, de preferência, aqueles antigos, que por alguma razão nos marcaram. Filmes e séries, por si só, podem ensinar muito, mas se os aproveitarmos para conversar sobre uma cena, sobre a atitude, o comportamento e as consequências do que faz cada personagem, o aprendizado se amplia.
Nós somos movidos por histórias. Nos envolvemos e queremos ver o final feliz de cada uma delas. Quanto é possível ampliar de conhecimento, de aprendizado que gera resultados, se compartilharmos com nossas Equipes, as histórias do tanto que vimos dar certo e não tão certo?
Vamos para mais um hábito a ser estimulado? Fazer atividades juntos. Poucas coisas reforçam tanto as relações quanto juntarmos a família ou a equipe para produzir algo juntos. Nesse verão, inventamos de comprar um pequeno barco, um caiaque, para remarmos um pouco. Nossas filhas Camilla e Giulia, nosso genro Igor, cada um tem uma técnica para subir, descer, remar. E todos aprendem sem perceber, mais do que remar. Aprendemos o verdadeiro espírito de equipe que tantas e tantas organizações tentam produzir.
Mesmo algo simples faz o mesmo efeito. Apenas não perca as oportunidades que apareçam para que cada um mostre o que cada um sabe e criar momentos para que isso seja ensinado aos outros.
Por fim, cuidar-se e cuidar. Quem já voou pelo menos uma vez deve ter ouvido a aeromoça recomendar que, “em caso de necessidade, máscaras cairão do teto”, mas que você deve colocar a sua, antes de ajudar a pessoa a seu lado.
Poucos hábitos combatem tanto e com tanta força os graves problemas de saúde emocional que afligem a tantos, quanto cuidarmos de nós mesmos e – a partir daí – cuidar dos que estão à nossa volta.
Assim são os pequenos momentos juntos: minúsculos como grãos de mostarda, mas que, bem cultivados, tornam-se uma das maiores árvores que existem.