O caminho da sustentabilidade
O desenvolvimento do setor portuário, principalmente dos grandes complexos marítimos internacionais, passa, hoje, por ações de sustentabilidade, com a redução dos impactos ambientais de suas operações e a adoção de iniciativas para ampliar sua eficiência operacional, reduzindo o consumo de matérias-primas, especialmente combustíveis. E essa premissa é comprovada pelos planos de crescimento do principal porto da Bélgica e segundo maior da Europa, o de Antuérpia e Bruges, que quer se tornar o maior hub europeu de contêineres nos próximos três anos e, para isso, tem projetos para ampliar sua infraestrutura e impulsionar sua descarbonização – reduzindo a utilização de combustíveis com base no carbono.
Esses planos foram apresentados pelo consultor do Porto de Antuérpia e Bruges Joachim Verheyen, na última terça-feira, em Santos (SP), durante sua participação no webinar “O papel do setor portuário no Desenvolvimento Sustentável do Oceano”, do evento híbrido internacional Diálogos da Cultura Oceânica, organizado pelos programas Cultura Oceânica para Todos, da Unesco, o Maré de Ciência, do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e pela prefeitura local.
Em sua exposição, Verheyen destacou que as atuais ações do porto têm como base os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. O novo armazém do complexo, em construção, vai operar com tecnologias de baixa emissão de carbono – na verdade, de gases do efeito estufa. Dessa forma, a futura instalação será “a mais verde e ecológica de toda a Europa”, citou.
Antuérpia-Bruges ainda incentiva ações de inovação, com a criação de um hub para startups voltadas a tecnologias verdes.
E um detalhe importante: todas essas iniciativas são coordenadas com outros atores do setor, como as indústrias que atuam na região e os demais usuários do porto, de modo que tais esforços sejam coletivos e não de apenas um agente da cadeia de negócios.
Com tal atuação, Antuérpia-Bruges é um excelente exemplo de como um complexo portuário de primeira linha pode se desenvolver sem desprezar os valores de sustentabilidade. E sem esquecer que ser sustentável é não apenas reduzir os impactos ambientais de suas ações, mas garantir que estas sejam economicamente viáveis e, ainda mais, se destaquem pela eficiência, o que significa entregar muito utilizando cada vez menos – reduzindo custos, consumo energético e produção de resíduos.
O presente e o futuro do setor portuário passa pelo caminho da sustentabilidade. Essa é a grande lição do complexo belga, que já começa a ser base para os portos brasileiros. E esses valores devem ser perenes, o que, na prática, acaba por garantir a viabilidade financeira, ambiental e social dos empreendimentos.