O erro da agroindústria no Amazonas
A agroindústria no Amazonas é um erro em muitas dimensões e um acerto para muito poucos, com ganhos potenciais pequenos. A atividade vocacional do Estado é associada com tecnologias de ponta, com a biotecnologia e não com a repetição dos erros cometidos noutras regiões do País, onde o bioma e a natureza são vagarosamente ou rapidamente destruídos por uma agricultura mecanizada, industrializada, não sustentável e produtora de commodities de baixo valor agregado.
A floresta em pé, com seu uso voltado para o crédito de carbono, o aproveitamento da biodiversidade, a ampliação da Agroecologia, onde fazendas e produtores integram-se ao meio ambiente, com comunidades da região produzindo em meio à floresta, extraindo seus recursos naturais, fornecendo em um espaço de produção orgânica, com o selo Amazônia, com a origem controlada, com o potencial do georreferenciamento dos produtores, com a inspeção do Ministério da Agricultura e seu selo orgânico (que para muitos, é um desafio obter), fornecendo em cadeias produtivas com a infraestrutura apropriada: aqui está a oportunidade.
Há espaço para permacultura, para a agricultura sustentável, como as lições que a Colômbia tem apresentado com seu café, que leva a uma cadeia de produtos do entorno, como cogumelos, alimentos para granjas, biogás e tantas outras soluções. Há a grande oportunidade de adotarmos o ecodesign refletido por David Orr, com um meticuloso estudo de cadeias produtivas em um padrão responsável com o meio ambiente, e assim poderemos alçar voos nunca considerados para a região, em um misto de respeito aos modos de vida tradicionais e o potencial da globalização exportadora.
O metabolismo biológico, discutido por William McDonough e Michael Braungart, onde integram-se cadeias produtivas respeitando o meio ambiente e o biodegradável de uma produção é insumo para outra, poderá ser um caminho de uma agroecologia no Amazonas. Fora deste caminho, usaremos o hábito de ser colônia e de destruir nosso bioma, como já feito no passado em outras regiões do País, como no cerrado, na caatinga ou na Mata Atlântica, para a produção de commodities de baixo valor agregado.
O desafio que deveríamos assumir como sociedade é a recuperação de áreas degradas, enquanto é possível. A regeneração com a produção agroflorestal, a permacultura, o desenvolvimento de empresas de capital regional, com a adoção de novas tecnologias, é uma grande oportunidade, ao invés de atrair multinacionais para a produção extensiva de monoculturas. Precisamos assumir uma liderança do pensamento sustentável real, ao invés de sujar a palavra e as mãos com um novo rastro de destruição no Amazonas.
Há uma emergência ambiental e teremos que tomar cuidado com as diretrizes que optaremos no presente, para que não tenhamos a decisão de ir contra o que já está construído de uma cadeia industrial de alta tecnologia. Ampliar o uso científico da floresta, com laboratórios de alta tecnologia – e aqui fará sentido a presença de multinacionais – para o desenvolvimento de alta tecnologia, em cooperação com os atores locais, saindo dos artigos científicos para os mercados. Precisamos juntar os esforços sobre o desconhecido e alcançar novos patamares financeiros e produtivos, ao invés de caminhar estradas de uma já conhecida destruição.