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João Eduardo Amaral Ayres e Julia Passaro Bertazzoli

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O festival SXSW e a abrangência de pautas sustentáveis e de ESG

Eventos sobre inovação vêm crescendo exponencialmente nos últimos anos. No último mês de março, o South by Southwest, mais conhecido como SXSW, destacou-se por suas conferências e festivais que unem – de forma colaborativa – temas relacionados às áreas de tecnologia, cinema, música, educação e cultura. O interessante é que, apesar de trazer como essência a inovação, esse evento não é exclusivo da atualidade. Ao contrário, foi fundado em 1987, em Austin, no Texas, e, desde então, se sobressai pela sua peculiaridade de, sobretudo, abranger uma grande gama de assuntos e pessoas para discussões de assuntos vanguardistas.

Atualmente, o evento apresenta variadas sessões, mostras de música e comédia, exibições de filmes, exposições, painéis de desenvolvimento profissional, além de abranger uma variedade de oportunidades de networking, tornando-se, pois, um destino central para profissionais globais, das mais diferentes culturas e áreas de atuação, e que buscam estar antenados às inovações em escala mundial.

E, como não podia deixar de ser, temas de ESG também foram incluídos na agenda do evento. Uma das importantes temáticas neste sentido foi a pauta “2050”, que, inevitavelmente, trouxe questões relacionadas à sustentabilidade, como mudanças climáticas, meio ambiente e energia limpa. Temas estes que foram tratados de forma bastante conectada com a visão primordial do festival: a inovação. Em relação às energias sustentáveis, por exemplo, a discussão foi ampla e envolveu desde soluções inovadoras de uso de tecnologia para aplicação em veículos elétricos em larga escala, até pesquisa e adoção de combustíveis sustentáveis para motores de combustão interna da Fórmula 1.

É extremamente gratificante observar o fato de que inúmeras pautas do SXSW trouxeram temáticas importantíssimas no que dizem respeito às inovações em sustentabilidade. Certamente, nos brilhou os olhos, sobretudo, como a temática ESG foi tratada de forma ampla e muito abrangente no festival. Isso porque, muito além das inovações nos temas estratégicos de sustentabilidade per si, como as supracitadas energias sustentáveis e os temas vinculados a transição energética, nota-se que a temática ganhou força e alcance nas mais variadas vertentes, em um movimento transversal entre diversos setores da economia criativa.

Portanto, esse novo enfoque do tema sustentabilidade em diferentes indústrias, especialmente naquelas em que esse eixo fundamental de atuação estratégica das empresas ainda é muito embrionário, vem proporcionando o desenvolvimento de uma consciência e uma mentalidade que estimula, cada vez mais, uma abordagem concreta nos temas ESG nas atividades corporativas e da indústria criativa em geral. Empresas de entretenimento, artes, consumo, varejistas e restaurantes que procuram maneiras de reduzir a sua produção de carbono, ou buscam fornecedores/produtores em compliance com práticas sustentáveis, ou, ainda, que atualizam o ambiente laboral fazendo as adequações necessárias a partir do desenvolvimento sociocultural.

Vejamos, assim, que não apenas o “Environment” referente à sigla “ESG” foi contemplado pelo evento (aliás, essa sempre costuma ser a visão deturpada do ESG, ao vincular somente a questões de meio ambiente).  O SWSX também abriu espaço para abordar temas do lado “Social” do ESG. O Festival trouxe painéis de discussão importantes no tema, como a construção de locais de trabalho trans-inclusivos, de modo a corresponder e incentivar, com essas práticas, o posicionamento empresarial para questões sociais contemporâneas (diversidade, inclusão e equidade), tendo exemplos como as iniciativas de promoção de campanhas de pronomes e uso de nome preferencial em oposição ao nome legal dentro das corporações como iniciativas tangíveis e concretas.

É, então, por motivos tais, que vislumbramos essencial tratar, de forma recorrente e aqui, em nossos artigos, a importância desse tema no mundo corporativo. Pretendemos demonstrar como as diversas abordagens ESG trazidas pelo SXSW são fundamentais para a disseminação da preocupação com os temas de sustentabilidade e que precisam deixar de ser uma mera opção ou posicionamento secundário das empresas, para entrar na agenda prioritária e estratégica e nos mais altos níveis decisórios de qualquer organização, independente do setor em que atue.  A incorporação de uma estratégia ESG de longo prazo facilitará o direcionamento institucional em todos os processos de tomada de decisões e definição de estratégias das empresas, e, assim, torna-se um pilar do negócio: sustentabilidade como eixo motriz de qualquer entidade, organização e de forma absolutamente transversal entre os diversos setores da economia.

 É, portanto, de extrema importância reverenciar a influência de eventos como este, por meio do qual podemos observar uma corrente de difusão de conhecimento e interesse pelos temas de ESG e sustentabilidade de forma geral e ampla, principalmente quando há uma diversidade de assuntos e pessoas, como ocorre no SXSW. Trata-se, assim, de uma verdadeira diversidade intelectual, o que é um dos pilares das boas práticas ESG, na lente do “social”.

Tal como outros eventos atuais e de grande expressão, o SXSW corresponde a um importante agente de inovação, reflexão e vetor de transformação para o encontro e a criação de alternativas que envolvem soluções, produtos e serviços mais sustentáveis, e, ainda, como um estratégico vetor de veículo de divulgação e conscientização do público/sociedade para a incorporação da prática ESG no cotidiano corporativo.

Certamente, a arte e a educação são, igualmente, dois catalisadores para a transformação que tanto buscamos e desejamos. Que não apenas o SXSW, mas todos os eventos, seminários, shows e tudo que gira ao redor da tão badalada indústria criativa fomente, cada vez mais, a conscientização, a informação e a mudança para a geração de impacto positivo para toda a nossa sociedade, afinal, mudanças significativas serão possíveis a partir de atos e práticas diárias e que resultarão em concretos benefícios de longo prazo.

 

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