O imortal Pelé, abridor de portos
Pelé não morreu! Seu corpo repousa com glórias. Mas seus gols magistrais permanecem no universo.
Dias atrás conversávamos sobre a morte iminente do rei. Fabrício Julião comentava que, em 20 anos de Santos Export e Brasil Export, em todos os portos do mundo que visitou ninguém perguntava sobre a Amazônia, o samba ou carnaval. Iam direto ao que lhes interessava: Pelé.
Vitor de Souza, como agente de viagens, teve ao longo de décadas íntimo convívio com Edson, do que herdou o estratégico costume de sempre que viajava levar uma camisa 10 do Santos autografada pelo abridor de portas e portos.
Minha admiração pelo jogador veio desde cedo. Minha convivência mais tarde, e foi maior durante a implantação do Museu Pelé, eu na condição de Secretário de Turismo.
Como muita gente, tenho histórias a contar. E muitas dela vão virar lenda.
O mineiro Edson Arantes do Nascimento deixou-nos neste mundo material. Sinto profundamente, como espécie e como amigo eventual e distante.
Mas quem morreu foi Edson, não Pelé!
Edson era uma pessoa afável, na minha experiência pessoal. Cumpriu seu ciclo, como estou cumprindo o meu. Morreu como morrerei quem sabe quando.
Mas Pelé, ora, Pelé não morreu! Edson, frequentemente se referia a Pelé na terceira pessoa do singular, o que causava espécie aos ouvintes.
Na verdade, Edson tinha plena consciência de haver gerado uma figura olimpiana no século XX.
Sim, Pelé não é apenas Edson. O olimpo da cultura de massa entronou esse ídolo como Elvis, Senna…
O gênero humano se divide entre os mortais, como eu e tantos outros, e os olimpianos. E foi isso que aconteceu quando um ser notável em sua arte esportiva gerou um personagem que, sem dúvida, se eterniza, a partir de agora, deixando o mundo material para adentrar no universo da memória coletiva.
Por muitos méritos, um menino de 3 Corações brilha tal qual uma estrela no reluzente céu dos imortais. E Pelé, o imortal, continuará sendo o eterno embaixador do Brasil e nosso abridor de portos mundo afora.