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quarta, 03 de julho de 2024
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Luiz Dias Guimarães

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O Pateta somos nós

Real só a vida, neste mundo a corromper cada vez mais a percepção e o juízo. Hoje exalto mesmo é a fantasia, que ao menos alimenta os sonhos. A internet, com as ferramentas de IA, coloca na panela da informação ingredientes de verdade e temperos de ilusão.

O mundo viu a bela aurora boreal no Hemisfério Norte e a austral no Hemisfério Sul. O sol explodiu – e não foi a primeira vez -, lançando uma onda de eletromagnetismo em direção ao planeta que julgamos ser único e a nós pertencer. O contato dessas partículas de energia com elementos da atmosfera terrena, como ozônio e hidrogênio, gerou inusitado colorido no céu para nosso encanto, ainda que perene – como é frequente nos países escandinavos.

O céu ganhou tons violeta ou rosa. Mas isso não bastou aos artistas digitais e aos criadores de fakes, e uma enxurrada de imagens ‘autênticas’ do fenômeno suplantou as telas de Van Gogh, Matisse, Picasso e Andy Warhol. Algumas pareciam filmes de ficção alucinógena para deslumbre geral. A ilusão havia pegado todos nós, crentes, ainda que vítimas contumazes da mentira.

Está certo que nem toda mentira é danosa e essa deixou sabor de primeiro de abril em pleno maio.

Danosas são as mentiras que ameaçam a saúde e o bolso, não bastassem as fake news que subvertem opiniões e sentimentos. A IA mostra personalidades dizendo o que não disseram. Meninas exibindo o que seu pudor havia escondido. E empresas vendendo o que o pix levou para outro caminho.

É a chamada ‘deep news’, que mata a realidade e nossa confiança digital. Há meses, fui vítima de falso post pelo qual comprei passagens aéreas que voaram para a conta dos fraudadores.

Há que se ter muita atenção. Nossa fé hoje depende de criteriosa investigação. Temos que tentar a leitura labial para descobrir se o artista está verdadeiramente dizendo o que a voz proclama,  o que requer muito cuidado e concentração. Afinal nem as tragédias como a do Rio Grande do Sul e as boas ações escapam dessas almas atrozes.

Por essas e outras gosto cada vez mais da fantasia, honesta, a me dizer o que meu espírito quer ver e ouvir, enquanto vagueia nas minhas ilusões. A busca da verdade deveria ser sempre rota da felicidade, não da decepção. Mas a fantasia, ah, essa é leal, vende e realiza com sua própria verdade. Como a Disneyworld faz, oferecendo em dólar a felicidade.

É com a fantasia que eu me felicito agora, e tento fugir daquilo que transformou este mundo em verdadeira Deepworld. Em Orlando, vendem o Mickey. Nesta, o Pateta, que somos nós.

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