quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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Opinião

Editorial

O primeiro terminal portuário carbon free da América do Sul

Um dos principais operadores globais para o transporte e a armazenagem de granéis líquidos, especialmente os químicos, o Grupo Odfjell lançou nessa segunda-feira, dia 19, seu primeiro terminal portuário na América do Sul com zero emissão de carbono. A instalação em questão é a própria unidade da empresa, administrada por sua controlada, a Odfjell Terminals-Granel Química, na região da Alemoa, no Porto de Santos (SP), que passou por modernizações para receber esse título, como destaca reportagem publicada nesta edição do Jornal BE News. 

O projeto envolve a implantação de uma série de medidas no terminal para reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (GEE) – fala-se em emissões de carbono pois, em volume, o dióxido de carbono (CO2) representa a maior parte dos GEE liberados na atmosfera. E a quantidade que permanecer e continuar sendo lançada no ar será compensada com ações ambientais que façam o sequestro do carbono, ou seja, consigam captar o mesmo volume de GEE que é emitido. Como resultado, com esse saldo zerado, o terminal consegue eliminar seus impactos ambientais, mesmo que indiretamente.

A ação de compensação selecionada foi a recuperação florestal. A empresa, em parceria com uma organização não-governamental, irá plantar, anualmente, a quantidade de mudas de árvores que for necessária para compensar os GEE que ainda emite na atmosfera. Considerando o prazo de 20 anos, cinco mudas de árvores de espécies do cerrado ou seis de espécies da Mata Atlântica conseguem sequestrar um total de uma tonelada de CO2 do ar. Apenas neste ano, cerca de mil mudas serão plantadas pela companhia.

Trata-se de uma iniciativa inédita no Porto de Santos, o principal do Brasil, e de destaque em todo o sistema portuário nacional. Sabe-se que o setor de transportes, inclusive o marítimo, está entre as principais fontes de emissão do GEE, o que torna iniciativas da Odfjell não só importantes, mas também exemplos a serem seguidos por outras empresas do setor.

Tal projeto está inserido no programa de sustentabilidade da Odfjell, que busca contribuir para o combate ao aquecimento global, entre outras metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). E nessa linha de ação, a companhia se integra à luta global para honrar o Acordo de Paris, de 2015, que prevê manter o aquecimento global inferior a 2ºC, limitando-o a 1,5ºC. Destaca-se que o aumento da temperatura do planeta intensifica o derretimento das calotas polares, o que leva a um aumento do nível do mar em todo o globo e à maior ocorrência de eventos climáticos extremos. Na costa brasileira, por exemplo, ressacas se mostram cada vez mais intensas e frequentes, fenômeno associado ao aumento do nível do mar e que acaba por deixar portos fechados por mais tempo e amplia a sedimentação em seus canais de navegação, o que leva a uma maior demanda por dragagem e ao encarecimento dos custos operacionais desses complexos marítimos. Fica claro que combater as mudanças climáticas é ajudar o próprio setor portuário.

Que o exemplo da Odfjell seja seguido por seus pares e o mercado portuário, cada vez mais, reduza seus impactos ambientais. Será uma excelente notícia para a economia do setor, para a sociedade como um todo e, por que não dizer, para o próprio planeta.

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