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Marcelo de Souza Sobreira

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O protagonismo dos portos de Aveiro e Figueira da Foz no Corredor Atlântico Ibérico

Aos 27 de abril de 2023, no belíssimo cenário do Museu da Vista Alegre em Ílhavo, os portos de Aveiro e Figueira da Foz realizaram mais um bem-sucedido evento para discutir temas sensíveis ao desenvolvimento do mercado e das infraestruturas portuguesas. Sob o comando do dr. Eduardo Feio, presidente do Conselho de Administração, o seminário “Crescimento Ferroviário no Corredor Atlântico Ibérico – Desafios e Oportunidades” contou com a participação de aproximadamente 60 participantes.

Ao abrir o primeiro painel, a dra. Daniela Carvalho, da TIS, consultora para o Corredor Atlântico, apresentou um plano de revisão da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), que busca um maior alinhamento para promover progressos regulamentares e tecnológicos da extensão e ramificação da rede. Com etapas a serem gradativamente concluídas até 2050, a revisão visa fomentar o setor de transportes de cargas não apenas no modal ferroviário, mas também no rodoviário e no fluvial.

Em seguida, o dr. Mário Fernandes, diretor de Planejamento Estratégico das Infraestruturas de Portugal, tratou do Plano Ferroviário Nacional. E ressaltou a importância estratégica deste corredor não só para conexão das áreas norte e central do país, mas principalmente para possibilitar uma alternativa de escoamento da carga pelo modal ferroviário à fronteira, de modo a projetar os portos portugueses no cenário europeu.

Por sua vez, a sra. Marta Alves, responsável pelo Gabinete de Estratégia da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Administração do Porto da Figueira da Foz, (APFF), abordou o fato de como os portos de Aveiro e Figueira da Foz estão a investir em plataformas multimodais competitivas, gerando uma integração mais eficiente nas interfaces Porto/Lisboa e litoral/interior, tendo o potencial de atingir um hinterland de comércio internacional de 18,9 milhões de toneladas. Destacou também a linha regular de contêineres, a melhoria de acessibilidade marítima (alargamento e aprofundamento do canal de navegação), a construção da  Zona de Atividades Logísticas e Industriais (Zali), que visa a integrar atividades industriais e logísticas oferecendo opções de transportes aquaviário e terrestres, e a ampliação da Janela Única Logística (JUL) como meio de harmonizar a intermodalidade e dar celeridade ao fluxo logístico.

Para encerrar o primeiro painel, Pablo Hoya, diretor geral da Zaldesa, trouxe a questão do porto seco de Salamanca que, por sua posição geográfica, se mostra como parte da solução para o desenvolvimento de uma plataforma complementar aos portos portugueses. A importância estratégica daquele porto seco para o progresso do Corredor Atlântico é destacada em função da sua proximidade com Madri, do aeroporto internacional de Salamanca e da ligação direta de vias rodoferroviárias com Aveiro, assim como o centro e o norte da Europa.

Já no segundo painel, a mesa-redonda contou com os drs. Antônio Nabo Martins, presidente da Apat (Associação dos Transitários de Portugal), Francisco Fonseca, vice-presidente da Antram (Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias) e Miguel Rebelo de Sousa, presidente da Apef (Associação Portuguesa da Empresas Ferroviárias).

O tom foi uníssono em relação às vantagens da utilização do modal ferroviário pelo prisma do compromisso em reduzir a emissão de carbono. Tanto as plataformas multimodais que estão a se desenvolver nos portos, quanto a transposição do Corredor Atlântico Ibérico são essenciais para dar aos tomadores de serviços a opção que mais se adequa à necessidade das respectivas cargas e, assim, colocar os portos de Aveiro e Figueira da Foz em evidência no cenário internacional.

Ressaltou-se ainda que a integração dos modais ferroviário e rodoviário é a chave para que se possa oferecer um transporte mais sustentável e, ao mesmo tempo, vencer o desafio das “first and last mile”. Desta feita, os dois modais terrestres se tornam coexistentes e interdependentes ao invés de concorrentes. No entanto, ainda que seja de interesse comum, a implantação de uma rede ferroviária enfrenta desafios, dentre eles: a diferença das bitolas, de tensão e as questões das diferentes regulamentações do setor nos diferentes países.

Acreditamos que a intermodalidade de transportes seja o caminho para potencializar a competitividade dos portos que pretendem se lançar ao cenário internacional. Ademais, não há dúvidas de que a implantação e modernização de linhas férreas eletrificadas são soluções para dirimir questões atinentes às crises energéticas e climáticas.

Assim, é louvável a iniciativa em promover o diálogo entre os agentes que compõem o setor de transportes, com o intuito de estreitar relações, debater as alternativas existentes e construir uma agenda positiva do Corredor Atlântico Ibérico para o mercado consumidor da Comunidade Europeia.

 

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