quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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Oficiais de Marinha Mercante: uma lacuna a ser combatida

O recente estudo desenvolvido pela Fundação Vanzolini e pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (Cilip) da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac) e o Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma), evidencia uma preocupante lacuna na formação de oficiais da Marinha Mercante para navegação e cabotagem. Com a projeção de um déficit de até 4 mil profissionais até 2030, o Brasil enfrenta um desafio estratégico que, se não for abordado de maneira eficaz, poderá comprometer significativamente o desenvolvimento e a competitividade do setor marítimo.

A cabotagem, essencial para a logística de cargas no País, e a navegação de apoio marítimo, crucial para projetos como as futuras usinas eólicas offshore, dependem de uma força de trabalho qualificada. O déficit de oficiais aptos a operar nas águas brasileiras não é apenas um obstáculo operacional, mas um gargalo que pode afetar diretamente a qualidade e a continuidade dos serviços prestados. A falta de profissionais qualificados tem o potencial de inviabilizar operações e causar prejuízos econômicos consideráveis.

A solução proposta pelo estudo é clara: é imperativo aumentar de forma contínua e linear o número de ingressantes nas escolas de formação de oficiais da Marinha Mercante, independentemente das oscilações econômicas que possam impactar a demanda. A Marinha do Brasil, por meio de suas escolas de Formação de Oficiais de Marinha Mercante (Efomm) – o Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), no Rio de Janeiro, e o Centro de Instrução Braz de Aguiar (Ciaba), em Belém – precisa se preparar para atender a essa demanda crescente. O planejamento dos armadores, que considera o médio e longo prazo, não pode ser prejudicado por uma formação insuficiente de profissionais.

Além do aumento no número de vagas, é fundamental que o currículo e o preparo dos oficiais sejam atualizados e aprimorados. As novas tecnologias e as exigências específicas das embarcações modernas requerem um nível de especialização que atualmente não é plenamente contemplado na formação oferecida. A inclusão de novas disciplinas e o foco em especializações relevantes são passos necessários para garantir que os novos oficiais estejam prontos para enfrentar os desafios contemporâneos do setor.

A necessidade de um esforço conjunto entre o poder público e o setor privado é urgente. Incentivar a formação de profissionais de navegação deve ser uma prioridade estratégica, com políticas públicas que facilitem o acesso à educação e capacitação, além de incentivos para que os jovens considerem a carreira marítima como uma opção viável e atrativa. O alto índice de evasão de oficiais e a proximidade da aposentadoria de muitos profissionais experientes acentuam ainda mais a necessidade de uma ação rápida e eficaz.

Em suma, garantir a formação adequada de oficiais da Marinha é essencial não apenas para manter a eficiência e a qualidade das operações marítimas, mas também para fortalecer a economia brasileira. A integração de novos profissionais bem-preparados no mercado permitirá que o Brasil continue a expandir sua logística de cabotagem e apoio marítimo, aproveitando plenamente seu potencial e consolidando sua posição no comércio internacional. É uma questão de planejamento estratégico e investimento no futuro do País.

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