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quarta, 03 de julho de 2024
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José Geraldo Vantine

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Os mistérios do universo e a desordem mundial

No dia 11 de junho deste ano, a Nasa divulgou a primeira imagem do telescópio espacial James Webb e os cientistas, além de comemorarem o fato, concluíram que existem bilhões de galáxias (e não uma apenas, como se pensava há 100 anos).

E mais, as luzes dessas imagens foram produzidas há bilhões de anos, pois está no universo profundo no que chamam de “uma viagem ao começo do universo”, ou seja, o telescópio fotografou o passado! Quem tiver paciência e curiosidade como eu, é fácil entender que, no universo, distância se mede em tempo (como na nossa Logística, em que predomina “o tempo de entrega” à “distância da origem”). Significa que um ano-luz é a distância percorrida pela luz no tempo de um ano, sendo a velocidade da luz 300.000 km/s. Então é fácil imaginar porque o universo é e continua sendo uma fenômeno misterioso – a unidade de medida de distância nos cosmos é bilhão (tão difícil de imaginar como a fortuna do Tio Patinhas, medida em “quaquilhões”, rsrs).

De volta ao nosso microcosmo, o sistema solar, no último dia 14 de julho, a revista “Isto é Dinheiro” publicou matéria em que dois pesquisadores da Universidade de Toronto (Garrett Brown e Hanno Rein) desenvolveram cerca de 3 mil simulações possíveis para verificar o grau de estabilidade do nosso sistema solar (lembram? Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, lembrando que Plutão deixou de ser considerado planeta). Pois bem, concluíram que a estabilidade do sistema solar é complexa. Mas no “cenário do improvável”, se uma estrela cruzar a órbita de Netuno a 23 bilhões de quilômetros de distância, essa órbita sofreria uma alteração de 0,1%. E segundo eles, o suficiente para até mesmo desestabilizar o sistema e causar colisão entre os planetas.

Enfim, cientistas da astronomia sempre estão em busca do “ponto de encontro entre o Infinito com a Eternidade”, de novo: “Distância e Tempo”.

De volta ao nosso planeta Terra, ao nosso mundo da Logística, pergunto: o que as reportagens têm em comum com a nossa realidade?

O telescópio está trazendo informações do presente que aconteceram no passado. O mesmo princípio que usamos em Planejamento Estratégico da Logística que, diante de tantas incertezas, só funciona com inteligência artificial;

Assim como sempre usei a relação “Tempo x Espaço” (para a Logística, distância se mede em tempo e não em quilômetros), a astronomia usa essa medida racional até onde a mente humana permite. Não é o nosso caso. Por exemplo: para quem trabalha com transporte marítimo, a medida é em “dias de navegação”, e para quem trabalha no e-commerce, a medida deve ser em “horas para entrega”. De forma geral, nenhuma funciona, ou seja, o navio nunca chega no dia certo. E a nossa encomenda nunca chega no momento prometido pelo seller;

A teoria do caos, na hipótese de Netuno alterar seu movimento de translação em torno do Sol, nos leva à fase do “Improvável”. Em artigo anterior, já abordei o tema do encalhe do navio megaconteineiro “Ever Given” em março/21, no Canal de Suez, e mencionei a teoria “A Lógica do Cisne Negro (Nassim Nicholas Taleb)”. O que era impossível na Logística Internacional apareceu como um tsunami destruindo todas as programações, parando fábricas e disparando o stock out nas lojas de varejo;

De repente aparece um vírus microscópio capaz de transformar o mundo (como se fosse a estrela influenciando Netuno), colocando a Logística como elemento fundamental no combate ao Covid-19, que por sua vez, nocauteou todos os planejamentos empresariais existentes, nos quais a Logística sucumbiu. Imprevisto? Não! Inimaginável? Sim! Improvável? Sim! Mas aconteceu;

E, de repente, na festa de São João em Caruaru (PE) deste ano, o milho de pipoca aumentou 30% comparado com o ano anterior (segundo os jornalistas de plantão). Ainda, segundo o noticiário, devido ao aumento do diesel (que aliás foi “só” de 12%). Tudo porque a “mente oculta” de Vladimir Putin, presidente da Rússia, resolveu invadir a Ucrânia. Aí, embora nem tanto surpreendente, pegou a geopolítica aparentemente estável e a “jogou no lixo”. Impacto: Energia (petróleo e gás) e alimentos (incluindo fertilizantes), entre outras também importantes, com reflexos adicionais no transporte marítimo internacional. Vejam só como Putin influenciou na pipoca de Caruaru; 

Claro que fotografar o passado prova vários pontos: Netuno sofrer interferências astronômicas até o momento é teoria (será?); Doenças pandêmicas, a humanidade está cada vez mais exposta; Guerra do nível da Rússia até pode se repetir, com a China atacando Taiwan, por ela considerada “província rebelde e parte do seu território”; Incidentes graves como do navio “Ever Given” são cada vez mais prováveis, mesmo com a mais avançadas tecnologias de navegação e segurança. 

Qual a minha conclusão sobre essa “confusão”, ao ligar fatos aparentemente desconexos num encadeamento de consequências que tem mais convergência que se pode imaginar? 

Na minha estrada profissional de 45 km, como consultor, professor, mentor, escritor e palestrante “sempre no incrível mundo da Logística”, tive a sorte de protagonizar o início, a evolução e a transformação da Logística Empresarial (DNA de origem), bem como, todas as vertentes derivativas e as inovações geradas por inúmeras startups

Tenho verificado, por esse tempo, grande confusão entre “Invenção”, “Evolução” e “Inovação” e, em especial, esse último que, pelo menos no caso da Logística, eu ainda classifico como “evolução através da digitalização com uso intensivo de internet”. É o que penso. 

Ainda sobre o tema da recorrência da teoria e prática da Logística, há cerca de 10 anos em projeto para a Jonhson & Jonhson (maior fábrica do mundo está em São José dos Campos), colocamos sobre o holofote, para aumentar a produtividade da Cadeia de Abastecimento da AL, o termo Back to Basic, resgatando conceitos teóricos que estavam esquecidos com as novas ferramentas, tal como “Gestão de Estoques”, Order Cycle Time, “Taxa de Cobertura/Ruptura de Inventário”, entre outros. Ressaltando que a empresa, sendo global, usa com intensidade o transporte marítimo internacional e o transporte aéreo também internacional.

E por que menciono esse tema ao fechar essa crônica? O comércio digital enfrenta uma luta feroz entre os seis grandes concorrentes no Brasil e, no último dia 18 de julho, a presidente do Conselho de Administração do Magalu (segundo informa o portal InfoMoney), Luiza Trajano, bradou: “Vá a uma de nossas lojas, por favor”! E anunciou crédito pré-aprovado para voltar ao “velho carnê”, para 10 milhões de clientes. Alguém desavisado poderia até pensar: será que a Magalu virou “Magaluca”? (rsrs). Mas claro que não. É sim uma solução para enfrentar os juros altos usando três de suas maiores fortalezas: Capilaridade dos PDVs físicos; Logística afiada e Tecnologia de alto nível. Portanto: Back to Basic with Technologies.

E lá do outro lado da cadeia de abastecimento, vemos também que transformações estão ocorrendo, como companhias de navegação comprando companhias aéreas e transportadoras rodoviárias. Sem contar aquelas que estão verticalizando com aquisição ou construção de portos em vários países. Poderia chamar de Full door to door. E vem mais por aí: operadores logísticos globais também estão entrando nessa “onda”. Estamos diante de uma onda de adensamento de serviços nesse modelo com fusão (ou seria confusão?). O fato é que essas transformações estão avançando para alta concentração de ativos com elevada e severa redução de concorrência, talvez até beirando o oligopólio.

Assim, nessa reflexão sobre “Os Mistérios do Universo e a Desordem Mundial”, entendo que, mais do que nunca, nós do mundo da Logística estamos sendo desafiados a buscar soluções nunca antes utilizadas para problemas que sempre existiram, mas em constante transformação.

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