Portugal: o preço de um erro
A decisão de adiar a construção de um novo aeroporto na Grande Lisboa, em Portugal, levará a perdas de 7 bilhões de euros e 28 mil empregos, em um cenário “mais otimista”, segundo o estudo “Impacto económico da não decisão sobre a implementação do novo Aeroporto de Lisboa”. A pesquisa foi feita pela EY a pedido da Confederação do Turismo de Portugal, divulgada na última quinta-feira e é destaque em reportagem na edição de hoje do Jornal BE News.
Os cálculos dos prejuízos, segundo o estudo, levam em conta o tempo para a construção da obra, a atual incapacidade do Aeroporto Humberto Delgado, de Lisboa, de atender à demanda de voos da capital e os custos resultantes desses dois fatores para a indústria do turismo lusitana, entre outros pontos. Apenas a perda potencial de geração de riqueza nos próximos cinco anos, até 2027, é calculada em 6,8 bilhões de euros. Já a arrecadação tributária deixará de obter 1,9 bilhão de euros. O impacto no PIB nacional chegará a 0,77%.
E esses números têm como base um cenário em que não há um crescimento do movimento de turistas em relação a 2019, antes do início da pandemia. Se for considerado um aumento – como já se registra neste verão europeu – os reflexos são ainda maiores, com o país deixando de gerar riquezas avaliadas 21,4 bilhões de euros, não abrindo 40 mil postos de trabalho ao ano e abrindo mão de uma arrecadação tributária de 6 bilhões de euros.
Os números mostram com clareza a importância do empreendimento e a sua urgência. Manter apenas um aeroporto na Grande Lisboa e com uma capacidade que já não atende a crescente demanda de voos e, consequentemente, de passageiros, afeta sensivelmente uma das principais indústrias de Portugal, a do turismo. Cenas como as vistas há cerca de um mês, com centenas de visitantes se aglomerando por horas em filas para passar pelo controle de migração são absurdas, em se tratando de um país com a infraestrutura de Portugal.
Persistindo tal cenário, e a última posição do Governo em relação a isso não indica a adoção de uma solução a curto prazo, Portugal pode colocar em risco uma de suas principais fontes de recursos, seus turistas, que podem ser atraídos por outros países europeus, como a vizinha Espanha.
Está mais do que na hora de o governo português dar uma solução a seu gargalo aeroviário, um desafio que já é debatido por décadas e esbarra em acordos parlamentares e na própria legislação ambiental. Adiar uma solução pode custar caro ao desenvolvimento do país e, principalmente, de sua população, que, por esse erro, pode perder bem mais do que alguns bilhões de euros.