Resiliência. É possível voltar ao que éramos?
“Sucesso não é o final. Falhar não é fatal. É a coragem de continuar que conta.”
Frase atribuída – sem confirmação – a Winston Churchill.
Resiliência é uma daquelas palavras que viraram moda no mundo da Gestão de Pessoas. Ficam bonitas de serem ditas e atribuem certa autoridade intelectual a quem as diz.
São muitas, mas essa em particular vem sobrevivendo ao tempo. Talvez porque possua real significado, na medida em que expressa uma condição à qual todos estamos sujeitos. Como conceito da Física, trata-se da propriedade que alguns corpos possuem, de retornar à sua forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica. O mundo corporativo a tomou emprestada para denominar a característica que alguns profissionais possuem de recobrar-se facilmente, ou de adaptar-se às mudanças, após sofrerem reveses, tão comuns no ambiente de trabalho.
Vem do latim resilire (voltar atrás). É isso que me incomoda: o termo voltar.
Após passarmos pelas constantes mudanças dos dias atuais – e para continuar profissionalmente vivo – eu pergunto se realmente voltamos ao que éramos. E o aprendizado, que deveria ocorrer em cada uma dessas oportunidades, onde fica?
Na minha visão, é ele que nos permite sairmos melhores de que entramos, a cada experiência difícil pela qual passamos.
A postura de melhorar continuamente é fundamental, em qualquer mercado, especialmente no nosso, onde estamos sujeitos a tantos e tantos imprevistos vindos de condições às quais não controlamos, como as climáticas, eventos geopolíticos, falhas humanas (operacionais e de gestão), cibersegurança, greves, entre outros. Não é fácil manter funcionando, sem falhas, um setor por onde passam cerca de 90% do comércio internacional. Aqui a regra é enfrentar e superar. Rápido.
Muito bem, mas como tornar-se resiliente? Antes de mais nada, é preciso desfazer um mito. Dizer que todas as competências relacionadas ao desenvolvimento da resiliência são treináveis se houver disposição e coragem. Não é correto dizer que persistência, empatia, flexibilidade e criatividade são “dons” atribuídos a cada um de nós quando nascemos. Repito: lidar com as emoções, aumentar a autoconfiança são características possíveis de serem aprendidas, em especial se observarmos os acertos e principalmente nossos erros do passado. Todos nós enfrentamos problemas e pressões. Diariamente. Esqueçamos o passado.
Na prática, é um processo que envolve lidar com altas doses de stress, controláveis, se adquirirmos pelo menos três coisas: hábitos saudáveis (não só a atividade física, mas também atividades não relacionadas ao trabalho, como os hobbies), relacionamentos positivos e planos e metas realizáveis.
Não posso deixar de dizer que tornar-se resiliente, na forma que estamos descrevendo aqui, exige também uma forte dose de humildade frente à grandeza dos problemas que precisam ser enfrentados. Humildade e ação. Levantar-se da cadeira para fazer o que precisa ser feito.
Nos últimos dias, fomos testemunhas de dois grandes exemplos de “fazer”, ocorridos no ambiente portuário, ambos relacionados ao Fórum Brasil Export. Uma foi o Movimento pelo Sim, que se dispõe a reunir as lideranças do setor para exercer pressão positiva, construtiva, sobre as autoridades, para agilizar o andamento de soluções para as acessos portuários, bem como outras providências que tragam aumento de produtividade e redução de custos logísticos.