Sete de setembro: vamos falar sobre o Dia da Independência
Na semana em que comemoramos o dia da independência no Brasil, pretendo abordar um tema de finanças pessoais que desperta o interesse de muita gente. Neste artigo, vamos descrever o conceito e as motivações para obter a independência financeira, apresentar um caso real de Portugal e, com isso, ter a oportunidade de tratar de algo tão importante na vida das pessoas.
As finanças pessoais podem ser definidas como “um conjunto de ações e estratégias que uma pessoa utiliza para gerenciar suas finanças de maneira eficiente e alcançar seus objetivos financeiros. Isso inclui atividades como orçamento, planejamento financeiro, poupança, investimento, gestão de dívidas, seguros e aposentadoria”. Trata-se de um processo de curto, médio e longo prazo.
Já o conceito de independência financeira tem vários significados diferentes. Pode ser definida como “ter uma renda que, de forma passiva, sustente seu estilo de vida e todas as despesas, seja tendo um trabalho ou não” ou “é alcançada quando os seus ganhos são maiores que os seus gastos mensais”. Portanto, não existe um número mágico pois cada pessoa tem a sua planilha de despesas, receitas e seu padrão de vida desejado.
Na semana passada, uma executiva portuguesa anunciou a sua aposentadoria aos 44 anos de idade e deixou o cargo de CFO (diretora financeira) de uma grande multinacional americana para dedicar mais tempo à família e aos negócios construídos ao longo da carreira. Foi um assunto muito debatido na imprensa local, em que ela detalhou sua motivação, a estratégia adotada e a conquista a partir de muita disciplina e dedicação.
Como conquistar? Primeiro, é preciso fazer um planejamento mapeando os gastos e fazendo um orçamento detalhado de todas as despesas mensais. A partir daí, controlar e estabelecer um teto, evitar desperdícios ou gastos desnecessários para que os rendimentos (salário, bônus e verbas extras) sejam suficientes para arcar com as despesas e ter uma parcela para ser investida ao longo dos anos.
Antes de falar em investimentos, a construção de uma reserva de emergência para despesas imprevistas é fundamental para essa jornada. Conhecer o perfil de investidor (conservador, moderado ou arrojado) também faz parte desse processo. A estratégia de diversificação dos investimentos em produtos financeiros (de maior e menor risco), aquisição de imóveis para aluguel ou fazer uma previdência privada é fundamental para mitigar os riscos e garantir um bom retorno no médio e no longo prazo.
Na minha opinião, a verdadeira motivação para atingir a independência financeira é ter liberdade de escolha e poder investir o tempo naquilo que se gosta, inclusive escolher trabalhar (ou não); assim como fez a executiva portuguesa, que optou por dedicar mais tempo livre à família e deixar a vida de executiva depois de chegar ao “cargo de seus sonhos”.
Outra vantagem da independência financeira é não depender apenas da aposentadoria (ou “reforma”, como se diz em Portugal) quando atingir uma idade que não se consiga mais produzir renda. Cabe lembrar ainda, que a expectativa de vida da população tem aumentado nas últimas décadas tanto em Portugal quanto no Brasil, o qual recentemente realizou uma Reforma da Previdência.
Assim como nos EUA ou na Europa, o tema deveria ser mais debatido no Brasil. De acordo com a 6ª edição do “Raio X do Investidor Brasileiro 2023” lançada pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o percentual de brasileiros que investem seu dinheiro em produtos financeiros aumentou de 31% para 36%. Ainda assim, apenas 18% dos entrevistados começaram uma reserva para a aposentadoria.
Portanto, fica o convite para reflexão de um assunto que deveria ser debatido nas escolas, nas famílias e entre amigos, para que houvesse mais consciência e melhoria na qualidade da vida financeira das pessoas.