“Silvio Santos vem aí” – A saga de alguém digno de inspirar nossas carreiras e vidas
A admiração foi crescendo quando entendi que o homem é um verdadeiro empreendedor, daqueles que seguem em frente mesmo diante das maiores dificuldades, talvez impulsionado por seu espírito de camelô, vendedor de canetas nas ruas da Lapa, Rio de Janeiro, na década de quarenta. “Eu não nasci dono de televisão. Eu fui dono de televisão porque os donos de televisão fecharam as portas para mim”. Não é pouca coisa.
“Quem tem razão, forte ou fraco, vence sempre. O bem sempre vence o mal. O mal vence por alguns minutos, por algum tempo, mas o bem sempre vence o mal. E não teríamos razão para viver, (…) se o mal vencesse o bem”
Silvio Santos
Silvio Santos vem aí!
Veio, ficou e ficará por muito e muito tempo em nossos corações e mentes.
Só isso já seria um grande feito, um legado, não? Dar oportunidades, crescer e fazer crescer. Alegrar. Influenciar gerações de forma positiva.
Aprendi a admirar Silvio Santos aos poucos, conforme eu mesmo fui amadurecendo.
Primeiro como comunicador, ou apresentador de programas, como ele se auto definia. Quem não se emocionou com as crianças em Domingo no Parque, com a garotinha sonhadora de Boa Noite Cinderela, com os pedidos atendidos, ou não, quando se abria a Porta da Esperança? Torceu para que alguém conquistasse a tão sonhada casa própria só por rodar um pião, ou por um casal que optasse por “namoro” ao invés de “amizade”? Riu com os calouros e jurados mais estranhos já vistos?
Aos poucos, entendi que havia mais do que um homem atrás de um microfone. Cuidadoso com sua carreira, inovou, criou uma fórmula para apresentar programas de auditórios, copiada até hoje. Quando inovar não era possível ou necessário, não tinha vergonha de buscar fora do País os quadros que, “tropicalizados”, fizeram e fazem sucesso até hoje.
A admiração foi crescendo quando entendi que o homem é um verdadeiro empreendedor, daqueles que seguem em frente mesmo diante das maiores dificuldades, talvez impulsionado por seu espírito de camelô, vendedor de canetas nas ruas da Lapa, Rio de Janeiro, na década de quarenta. “Eu não nasci dono de televisão. Eu fui dono de televisão porque os donos de televisão fecharam as portas para mim”. Não é pouca coisa.
Sabemos que não é fácil empreender em nosso País, muito menos se formos fiéis – como devemos ser – à legislação e às regras de governança. Poderia perguntar se você lembra de algum caso de desvio de conduta associado a ele ou suas empresas. Pessoalmente não me recordo. Mas lembro que, diante do maior revés econômico sofrido pelo Grupo Silvio Santos, quando foram descobertas fraudes de quase quatro bilhões no Banco Panamericano, Silvio assumiu a responsabilidade oferecendo seus bens pessoais para garantir o empréstimo feito junto ao Fundo Garantidor de Crédito, o FGC, que viria a solucionar a maior parte do problema. A contabilidade registra o prejuízo, a história registra o feito. O mercado entende e reage favoravelmente. Inteligência para gerir o negócio inclui conhecer a importância de manter uma imagem íntegra, de fato e de direito, perante os olhos de quem compra seus produtos e serviços.
Por fim, a admiração pelo ser humano, Senor Abravanel, o verdadeiro nome de Silvio. Ainda que esse vivesse à sombra do personagem maior que é Silvio Santos, foi a essência que guiou a mão que segurou tantos e tantos contratos de profissionais que já não teriam chance de atuar em nenhuma outra emissora, em especial em função da idade, ou por estarem fora do padrão estético aceito. Com Silvio, eles tinham voz e vez, um exemplo para tantos que discursam bem sobre ageismo e diversidade, mas praticam pouco. Quem quer entrar para a história age silenciosamente, raramente fala.
Há relatos de dezenas de artistas reproduzindo esse fato, mas o que me chamou a atenção, mais do que tudo, foi o relato que li de uma das pessoas que organizavam as famosas “caravanas” que lotavam o auditório. Segundo ela, Silvio chegava antes do início das gravações, falava com todos que podia, verificava se todos haviam recebido o combinado. O verdadeiro líder tem preocupação autêntica com todos. No caso desse negócio, em particular, com os que têm voz para gerar repercussão na mídia e com as “colegas de trabalho”.
Seria possível estender-me por páginas, relacionando fatos da vida de Silvio com exemplos de boa gestão de carreira e vida profissional, mas os fatos falam por si próprios. O tempo e a História darão a Silvio o seu devido lugar, com os prós e contras que cada um de nós seguramente possui.
Mas gostaria de terminar com o que, para mim, soa de melhor no legado deixado por ele: “Do mundo não se leva nada. Vamos sorrir e cantar.”
Quando praticarmos, a sério, a ideia de que não levamos nada desse mundo, a vida será muito melhor.
Hudson Carvalho é Consultor em Gestão de Pessoas e Estratégia Empresarial, Diretor Executivo da Elabore Online – Resultados Através das Pessoas e Diretor da WISDOM – Gestão Organizacional (Desenvolvemos Pessoas e Processos) – Baixada Santista e ABCD
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