quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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Luiz Dias Guimarães

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Somos deuses ou diabos?

Que espécie somos nós? Acordo curioso para saber do tempo europeu antes de partir. A natureza castiga com inclemência meus destinos. E me deparo com um post em que um dos maiores especialistas em IA diz temer que as máquinas se tornarão mais inteligentes que nós, com capacidade de decisões próprias e autoconhecimento. Que diabos estamos criando?

A soberba humana me espanta. Não nos contentamos com o que a natureza ofertou e perseguimos o conforto na existência. Demos asas à imaginação e voamos. Voamos tão alto que hoje enxergamos cada vez mais o infinito. Com tal afã que nos esquecemos de cuidar do nosso jardim.

Não tínhamos tempo para regar as flores. Mirávamos imitar os gaviões e voar alto, além das nuvens e estrelas. Desafiamos a finitude cada vez mais, envaidecidos com nossa inteligência de recriar o mundo, feito deuses. Nossa arrogância foi tanta que chegamos a fazer experimentos de criar artificialmente humanos. E nos assustamos. Lembramos da ética que só a Deus é permitido gerar nossa espécie.

E então passamos a criar máquinas. Robôs e sistemas para nos servirem, afinal, quando nascemos não disseram que não era proibido estar aqui a passeio. E almejamos dar fim ao trabalho! O que estamos gerando? Quisemos máquinas obedientes, mas a perfeição de nossos inventos fez-nos deuses de circuitos e metais. Algumas mentes lúcidas, porém, estão assustadas e não sabem o quanto esses seres são capazes de pensar, tomar decisões próprias e, quem sabe, nos subjugar.

Seremos deuses a conceberem seres com vontade própria? Ou no fundo somos diabos, empoderados a ponto de um dia sermos escravos comandados por chips? Talvez venham a ser melhores que nós. E então a formulação de seus algoritmos não permitirá guerras.

E a natureza então, que diabo fizemos com nosso jardim? Estou a caminho de Roma, onde o Papa não me espera e deve estar orando pelos flagelados das chuvas e inundações. Várias regiões do continente ainda sofrem. A costa espanhola, principalmente. É o diabo, dirá alguém, que enviou tanta chuva. Mas pode ser um aguaceiro de lágrimas do céu, com tudo que provocamos na natureza.

Nem Dom Quixote enfrentou a fúria do tempo, uma trágica contenda maior que a luta contra Moinhos de Vento na bela Espanha. Pois é, cuidamos de construir máquinas e esquecemos do jardim. É a ironia de termos almejado tanto.

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