Somos insubstituíveis?
Os profissionais em processo de preparação para assumir um novo posto devem incorporar ao máximo as competências técnicas e comportamentais de sua futura posição e criar, simultaneamente, espaço para imprimir seu próprio estilo de liderança e para adaptar-se às constantes mudanças pelas quais venham a passar, a empresa e o mercado em que atua. Manter-se permanentemente atento a esse quesito mantém a empregabilidade
“Para ser insubstituível, há que ser diferente.”
Gabrielle Bonheur, conhecida como Coco Chanel, estilista francesa,
Profissionalmente falando, não. Aliás, nenhum de nós deveria sê-lo.
Seja qual for o papel que desempenhamos em uma organização, deveria haver alguém – quase pronto – para substituir-nos, afinal somos seres finitos. Como diz, brincando, minha mãe, “para morrer basta estar vivo”.
Essa preocupação deveria estar presente no cotidiano de cada um de nós, mas também das empresas.
Nós profissionais, por nossa finitude (o termo “morte” incomoda a muitos) e porque líderes completos sempre preparam alguém para substituí-los. As organizações pela necessidade de manterem-se perenes. Durar, se possível, para sempre. Que o diga o pessoal da Construtora Kongo Gumi, fundada no ano de 578 no Japão, e que funcionou de forma independente até 2006, quando foi absorvida como parte de outro grupo econômico de maior porte.
Profissionais que mantêm uma longa carreira numa única organização são cada vez mais raros. Conversei recentemente com um executivo do setor de Logística, que acaba de completar trinta e nove anos de casa. Obviamente, assumindo sucessivos desafios, numa empresa em transformação e em crescimento. Como disse a ele, deve ser algum tipo de recorde mundial, em tempos em que a permanência em uma mesma organização, só diminui.
Voltando a substituição em si, você deve ter estranhado eu ter me referido ao potencial substituto como “quase pronto”. Foi exatamente o que quis dizer. Os profissionais em processo de preparação para assumir um novo posto devem incorporar ao máximo as competências técnicas e comportamentais de sua futura posição e criar, simultaneamente, espaço para imprimir seu próprio estilo de liderança e para adaptar-se às constantes mudanças pelas quais venham a passar, a empresa e o mercado em que atua.
Manter-se permanentemente atento a esse quesito mantém a empregabilidade, capacidade importante tanto para quem pretende manter-se em constante progresso dentro de uma organização, quanto para quem busca um novo emprego.
Alerto: é muito fácil esquecer-se dessa importância, e deixar de cuidar da empregabilidade no dia a dia. É muito fácil permanecer na zona de conforto. Fuja dessa situação!
Algo que me ajudou a manter-me por mais de uma década em mais de uma empresa, foi perguntar a mim mesmo sobre se faria a minha re-recontratação. Soa estranho, mas a ideia é a seguinte: se fosse eu o responsável por contratar alguém para a minha própria posição, eu me contrataria?
O Editor vai achar que esse parágrafo é insano. E é. Estou propondo que você se pergunte periodicamente se o “Candidato Você Mesmo” tem as competências para ser admitido para a posição como ela se apresenta hoje.
Ainda que alguém tivesse permanecido no mesmo cargo por anos a fio, as competências necessárias para ocupá-lo certamente terão mudado ao longo do tempo. Imagine essa dinâmica acontecendo para quem ocupa diversos cargos numa sequência de progressiva complexidade.
Parece complicado, mas é bem simples. Trata-se em perguntar-se permanentemente se você possui todas as qualidades para permanecer no cargo que ocupa no momento.
E se pretender crescer profissionalmente? Observe as competências necessárias para o próximo nível e prepare-se para ele. Ainda que ninguém tenha oferecido a posição a você.
Quando explico esse processo, é comum ouvir da plateia: “Minha empresa não tem Plano de Carreira”. É uma pena, mas não é disso que estamos falando. Essa responsabilidade é sua!
Se a organização tiver um plano de carreira estruturado e divulgado (algumas não os fazem públicos por razões estratégicas) tanto melhor. O esforço de preparar-se muito provavelmente será notado.
Mas, repito, a responsabilidade é sua e de mais ninguém. Você é o dono e condutor de sua carreira. Aprenda a tornar-se indispensável. Não para o local onde você trabalha, mas para a sua própria carreira.
Por fim uma palavra adicional sobre ser insubstituível. Como escrevi lá em cima, profissionalmente falando, ninguém é.
Pessoalmente, a história é outra. Você com seus valores, crenças e comportamento deve deixar marcas positivas. Sob esse ponto de vista é fundamental que você seja um ser humano insubstituível.
Que você possa partir, seguro de que seu legado ficará por onde passou.