Um rinoceronte. Um cisne. O que esses animais têm a ver com gestão de risco? E com governança?
O risco só aparece quando você não sabe exatamente o que está fazendo.
Warren Buffett
O mundo das ideias é fantástico. O novo, move a humanidade, desde que descobrimos o fogo e a roda. Foi o que nos trouxe ao que somos hoje (eu ouvi alguns de vocês dizendo que não nos tornamos grande coisa).
Os desafios que aparecem nas duas Empresas de Consultoria que dirijo, me obrigam a ler e estudar tudo o que posso, na Área de Gestão Estratégica e de Recursos Humanos.
O que noto nos últimos tempos é que há uma mudança sutil na dinâmica dos novos pensamentos. Há opiniões e “soluções” para tudo. Enorme quantidade.
Quando avaliamos a qualidade, o quadro é diferente. A maioria do que vejo são conceitos, que se repetem com nomes e roupagens novas. Servem muito bem para vender livros, palestras e treinamentos e muito mal para mostrar caminhos que resolvam de verdade os problemas das organizações.
Isso incomoda a mim e a todos que querem resolver problemas, de verdade. Como não permitimos soluções requentadas, do tipo “tamanho único”, que sirvam para tudo e todos, fazemos questão de entender a dor do nosso Cliente e dar o remédio certo na dose certa, ou nem passamos do diagnóstico. Devemos ser capazes de fazer o Cliente usar sozinho, tudo o que oferecemos como soluções, após concluirmos um Projeto. Não queremos dependência. Queremos novos limites e horizontes.
Mas, há ideias que valem a pena dar uma olhada. Vou apresentar duas. O Rinoceronte Cinza e o Cisne Negro.
Não se assuste. Não faremos um tratado sobre animais e suas espécies. Creia. Estamos falando de algo que, mal gerenciado, pode ter alto impacto negativo na vida das empresas: Gestão de Risco.
A expressão “rinoceronte cinza” foi criada pela Autora, Comentarista e Analista Política Michele Wucker, em seu Livro O Rinoceronte Cinza: Como Reconhecer e Agir Diante dos Perigos Óbvios que Ignoramos. Michele, que também é Especialista em Gestão de Crises, demonstra o que (não) fazemos quando vemos, aproximando-se de nós, uma ameaça altamente provável, de alto impacto (um enorme rinoceronte correndo pela savana em nossa direção), mas ainda assim a negligenciamos.
Quer dizer então, que identificamos riscos que têm grande chance de ocorrer, mas deixamos para lá? Segundo Wucker, ignoramos o óbvio.
E o “Cisne Negro”? Essa é uma criação de Nassim Nicholas Taleb, em seu Livro A Lógica do Cisne Negro: O Impacto do Altamente Improvável. Nicholas é Ensaísta, Estatístico, e Analista de Riscos. A origem do nome é interessante: até cerca de 1700, os cientistas acreditavam que só existiam cisnes brancos, até que um espécime negro foi descoberto na Austrália.
Daí a ideia de usar esse animal para dar nome a eventos que possuem três características: são muito improváveis, produzem um enorme impacto e, depois que acontecem, inventamos uma explicação que o faça parecer menos aleatório e mais previsível do que de fato foi. Taleb estudou como nos enganamos ao achar que sabemos mais do que na verdade sabemos. Segundo ele, fixamos nosso pensamento em dados irrelevantes, enquanto eventos maiores continuam a nos surpreender e a moldar o mundo. É impossível, até que acontece.
Outra afirmação importante de Taleb é que devemos diminuir o valor da resiliência. Ao contrário, ele diz que devemos “viver o luto” de cada crise, aprender com os erros e começar de novo a partir de uma nova posição.
Como já escrevi isso no passado, estou à vontade para dizer que concordo plenamente.
Esses dois conceitos me interessaram, pois estamos envolvidos num Projeto com riscos altos, que podem surgir do nada. Há vários cisnes negros em nosso caminho. Não podemos errar. A capacidade de planejamento tem que ser levada ao limite.
Há duas dicas aqui: Equipes Multidisciplinares tem muito mais chance de aumentar a visão do cenário. Sessões bem conduzidas de brainstorming funcionam muito bem também. As ideias de um, geram e aumentam as ideias de outros. É uma soma onde dois mais dois é igual a cinco. Ou mais. A velha Análise S.W.O.T. funciona também.
Perceba que estou dando aos conceitos seus nomes originais.
Em seguida, uma vez definidas as medidas de planejamento e verificada a sua eficácia, na prática, o aprendizado deve ser registrado de forma estruturada para que faça parte da rotina da Empresa. É isso que fazem as organizações que aprendem. Quando são dirigidas por pessoas que aprendem.
Levado ao limite, o parágrafo acima define o que devemos fazer em termos de governança nos processos de trabalho. São os Indicadores, usados regularmente que nos ajudam a identificar as oportunidades de aumentar a produtividade, diminuir os custos e evitar rinocerontes e cisnes.
Ações firmes de governança são obrigatórias para reduzir riscos. E evitar que um verdadeiro zoológico se forme dentro da organização.
Hudson Carvalho é Consultor em Gestão de Pessoas e Estratégia Organizacional, Diretor Executivo da Elabore Online – Resultados Através das Pessoas e Diretor da WISDOM – Gestão Organizacional (Desenvolvemos Pessoas e Processos) – Baixada Santista e ABCD
elaboreonline@gmail.com | https://wa.me/message/5S2EHIT7sESXHB1