Uma carta de duplo significado
A carta de intenções assinada entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a União Europeia (UE) é do maior significado. O destaque é sem dúvida o encaminhamento da destinação de 20 milhões de euros (cerca de R$ 120 milhões) para o Fundo Amazônia. Em valores não representa tanto diante do montante que dispõe o Fundo Amazônia, R$ 3,9 bilhões. Só no ano passado, o Fundo bateu recorde de investimentos em novos projetos, após quatro anos desativado.
Hoje o Fundo apoia 114 projetos, que vão do Arco da Restauração (maior projeto de restauro de florestas nativas) ao fortalecimento do Corpo de Bombeiros no enfrentamento a incêndios e o combate ao crime organizado na região.
Mas o mais importante é a reafirmação da Comunidade Europeia em confiar nos esforços do governo brasileiro para preservar e recuperar o bioma que detém 25% da cobertura de florestas tropicais do planeta e tem responsabilidade com uma população de aproximadamente 29 milhões de habitantes.
Esse não é o primeiro gesto dos 27 países que integram hoje a unidade europeia, mas demonstra a renovação da confiança que se fundamenta, como lembrou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, nos esforços para redução do desmatamento na região.
O gesto não se restringe à disposição de ajudar o Brasil.Possui dimensão maior por representar o esforço na mitigação das condições climáticas que afetam todo o planeta, o que é cobrado por muitos setores da comunidade europeia.
Se por si só a carta de intenções é louvável para nosso país, há um outro importante significado dentro da política de gestão de recursos nacionais. O BNDES, frequentemente criticado por sua política de inversão de recursos nacionais em projetos estrangeiros, no primeiro ciclo de administração petista, agora parece se redimir invertendo o fluxo ao se empenhar em conquistar confiança e captar divisas estrangeiras para aplicação no que talvez seja a principal preocupação nacional, a sobrevivência de nossa gente, como de resto, da humanidade.
Resta, portanto, a esperança de que esse caminho prossiga, para salvaguarda dos interesses nacionais e da vida que é de todos nós.