quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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Opinião

Editorial

Uma questão urgente

A necessidade de ampliação dos portos brasileiros, para a recepção de navios com maior capacidade, e descarbonização das embarcações, seguindo as diretrizes da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) são, hoje, os principais desafios dos armadores estrangeiros que atuam na costa do País. A avaliação é da própria entidade que reúne essas empresas, o Centro Nacional de Navegação Transatlântica (Centronave), que comemora hoje 116 anos. Em entrevista publicada nesta edição do BE News, o diretor-executivo do órgão, Claudio Loureiro, comentou essas duas questões, prioritárias neste ano.

O dirigente da Centronave foi claro em suas preocupações. Os portos brasileiros devem se preparar para receber porta-contêineres capazes de transportar 12 mil TEU. Para isso, são necessários berços de atracação de maiores dimensões e o aprofundamento dos canais de acesso aquaviário. A demanda é mais urgente no Porto de Santos, o principal do País, principalmente para a operação de contêineres. Ele explicou que neste e no próximo ano, “receberemos 5 milhões de TEU em novos navios, se somadas as escalas e as capacidades dessas modernas embarcações. O menor desses navios transporta 12 mil TEU e hoje o máximo que podemos operar com segurança em Santos é 10 mil TEU”.

Sem a infraestrutura necessária, os navios serão obrigados a reduzir sua capacidade de transporte, o que acaba por encarecer o frete para Santos – uma vez que os custos da viagem acabam sendo repartidos por um menor volume de mercadorias. 

Loureiro chegou a considerar a “situação do canal de acesso ao Porto de Santos” como “dramática”. “Precisamos de uma dragagem de manutenção eficiente, pois o canal registra pelo menos um metro de assoreamento por ano. E precisamos ainda alcançar maiores profundidades”. 

Sobre a necessidade de descarbonização, essa segue as diretrizes do Anexo VI da Marpol, convenção internacional voltada para a prevenção da poluição causada por navios, regras essas consideradas “muito rígidas” pelos armadores. 

Em relação ao setor portuário brasileiro, a demanda do Centronave está clara: é necessário adequar a infraestrutura portuária às demandas do mercado atual. No caso de Santos, as obras de aprofundamento do canal estavam entre as previstas para serem realizadas com o processo de desestatização, cancelado pelo atual governo. Agora, cabe ao novo Ministério dos Portos e Aeroportos e a seu ministro, Márcio França, priorizar essas intervenções. E não se trata mais de preparar os portos para necessidades futuras, mas para questões presentes e que, se não atendidas, podem levar o principal complexo marítimo do País a perder sua competitividade. A questão é urgente. 

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