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quarta, 03 de julho de 2024
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Vanina Macowski Durski Silva, Joinville, Brasil

Eu não sei você, mas eu acredito muito na pesquisa. Para mim, a academia não apenas ajuda na construção de conhecimento como também, e principalmente, traz soluções para problemas reais da comunidade e ajuda a melhorar processos em todas as áreas, seja qual for a ciência. 

Estou falando disso aqui, nessa série sobre mulheres em portos, porque a própria profissional desta semana me disse assim: “como professora, tenho uma ambição de fomentar um ecossistema de inovação portuária. Quero ministrar cursos, treinamentos, especializações, linhas de mestrado, tudo voltado para a área. Tudo para tentar enriquecer a formação do profissional que vai atuar na área”. 

Ela atua na UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina, e é a professora Vanina Macowski Durski Silva, engenheira de produção agroindustrial com mestrado e doutorado na área de concentração Logística e de Transportes. É uma pesquisadora de portos!

Vanina tem 42 anos e, apesar de hoje ser destaque na pesquisa pelo Estado de Santa Catarina, é nascida em Campo Mourão, no Paraná. Ela sempre foi professora. Começou a lecionar aos 20 anos, ensinava Inglês enquanto ainda cursava a faculdade. 

Quando chegou a época de fazer estágio, ela conta que se lembrou de, um dia, ter passado na companhia do pai, que era agrônomo, em frente à uma fábrica no Estado Goiás: era a Perdigão Agroindustrial em Rio Verde. “Era enorme e eu pensei: ‘um dia eu quero trabalhar aqui’”, lembra. 

Ela desejou e conquistou. Em duas semanas, Vanina já foi conhecer a fábrica. Definiu o tema do trabalho de conclusão e, dois meses depois, lá estava para seis meses de estágio como engenheira de produção no setor. Encerrado esse período de formação, ela foi convidada para ser líder de produção da empresa. “Era uma equipe de 70 pessoas”, diz. 

O contato com a docência universitária teve início após ela concluir, no Estado de Goiás, uma especialização em agronegócios. Ela só foi para Santa Catarina na companhia do marido, natural de lá, engenheiro de alimentos na Perdigão. Ele tinha planos de voltar ao Estado para cursar um mestrado. Ela resolveu acompanhar. 

De volta ao Sul, ela atuou na agroindústria da região de Florianópolis e também em um frigorífico, mas decidiu migrar totalmente para a vida acadêmica. Foi para o mestrado e, na pesquisa, optou pela área da Logística Portuária. 

No tema, concluiu o mestrado e também doutorado e pós-doutorado e ingressou como professor titular, concursada, na área de Engenharia de Produção, primeiro na Universidade Tecnológica e depois na UFSC.

Vanina é pesquisadora na Universidade Federal de Santa Catarina (crédito: Acervo Pessoal)

Vanina é pesquisadora na Universidade Federal de Santa Catarina (crédito: Acervo Pessoal)

O primeiro trabalho dela na área foi sobre “Teoria das filas aplicada ao Porto de Itajaí, Santa Catarina”. O assunto já rendeu à pesquisadora destaque e convites para palestras e, dali em diante, nunca perdeu o foco da logística e estratégia portuária. Sempre com demandas aplicadas ao setor, a tese de mestrado dela foi sobre o problema de alocação de navios em berços. 

“O tema ainda não era muito popular no Brasil. Acredito que o meu trabalho tenha sido um dos primeiros publicados aqui”, diz. Com isso, o nome da pesquisadora foi ganhando ainda mais destaque. 

Virou referência da pesquisa no setor portuário, dentro e fora do País. Fez consultoria para os portos de Navegantes, Itajaí, Itapoá e até já fez pesquisa na área na Alemanha, apresentou artigos no MIT e também em Portugal e na Noruega.

“Como engenheira, existe uma gama enorme de áreas que posso pesquisar. Eu pesquiso sobre roteirização de transporte, sobre logística de um modo geral, mas as áreas de que eu sou mais fã e que atraem bastante aluno, principalmente de Engenharia Naval, Engenharia de Transporte e Logística, é a Logística Portuária”, conta. 

Vanina dá aula na disciplina de Transporte marítimo e Cabotagem. Fala de “Smart ports”, physical internet e segue desbravando os diversos fatores que levam à escolha por determinado porto. 

“O meu papel como professora, dentro da universidade, é também dar segurança aos futuros profissionais, especialmente às mulheres”, diz. Muitas delas, como afirma a professora, se interessam, desenvolvem projetos de iniciação científica com temas ligados à Logística Portuária e acabam atuando na área.

Além do objetivo de que eu já falei lá no início, de fomentar um ecossistema de inovação portuária, e de dar ainda mais destaque ao departamento de Engenharias de Mobilidade da UFSC de Joinville, Vanina quer publicar um livro didático para a disciplina que seja um material de referência para a área no Brasil, em outras universidades e até fora da academia. 

“Quero continuar o trabalho que venho fazendo de empoderar meus alunos para que acreditem em seus potenciais, para poderem atuar em qualquer área que escolherem, mas, é claro, mostrando como poderiam investir na área marítima e portuária”, afirma a educadora.

Como conclui Vanina, o mercado carece de pessoas boas e capacitadas. E é para suprir essa necessidade da área marítima e portuária que a profissional se dedica há 16 anos.

E tenho certeza que, com tanta paixão e dedicação à área, a profissional incentiva muitas mulheres do segmento e, especialmente, as filhas, a Gabriela e a Victoria, respectivamente de 5 e 8 anos, que têm um bom exemplo para seguir.

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