Vida louca, com ternura
Nosso mundo globalizado chega a ser engraçado. Não sabemos em que, e em quem, acreditar. As redes sociais nos trazem informações importantes. E muitas mentiras também. Vida louca essa.
Difícil é processar tantas ‘verdades’ e separar como quem cata feijão na tigela, separando paus e pedras dos feijões que, se formos espertos, vamos comer um dia. Fato é que tudo nos leva a tomar um partido. Não me refiro à política nacional, mas à maneira como encaramos as novidades que se apresentam ao futuro.
Distopia ou utopia? Devemos ser otimistas ou nos deprimirmos com o que consumimos por aí? A Inteligência Artificial já é uma realidade há tempos, só não havíamos nos dado conta do quanto interfere em nossas vidas, em geral facilitando o que vivemos diariamente. Nesse caso, é de fato entendermos que a IA veio para fazer por nós o que a vida não precisa da gente. Cabe-nos agora definir o que ela espera de nós. E a princípio parecem ser o juízo e a emoção.
O juízo como resultado ético de nosso pensamento crítico. A emoção porque não conseguimos ainda fazer um robô chorar verdadeiramente diante de um mal-estar da alma.
O cognitivo, esse podemos trabalhar. Estudos ingleses definiram o número 100 como QI médio mundial, número apurado em testes na Inglaterra. Aplicados no Japão, a média deu 116. No Brasil, 87. Se for verdade, há duas conclusões: a inteligência é trabalhável e o Japão aplica uma educação melhor que a média mundial. E o Brasil, o que parece óbvio, consegue emburrecer nossas crianças.
Mas nem tudo é tragédia nesta zona abaixo do Equador. Quando estamos empenhados de coração e oportunidade no desenvolvimento da energia renovável via sol e vento, nosso orgulhoso etanol se mostra menos emissor de CO2 que a energia elétrica de nossos carros, mais ainda dos que circulam na Europa.
A internet sempre a nos surpreender. Diariamente um alimento que fazia mal hoje faz bem, e vice-versa. No que acreditar, afinal? Só lamento não ter percebido as ciladas da informação antes e ter passado tanto tempo sem comer ovo.
Vivemos um tempo de muita confusão. E as redes são, sim, responsáveis por isso. Pois não é que depois de vivermos dias de agonia com tantas mensagens de ataque em nossas escolas me deparo com a notícia de que a polícia portuguesa, diante de mesmo surto digital, identificou em Lisboa jovens propagando ameaças às suas escolas, a pretexto de marcar o 24º aniversário do famoso massacre em escola dos Estados Unidos?
Procuro não ser um ser pessimista. Proponho-me a encarar isso tudo de maneira leve, o quanto possa. Pois essa é uma cláusula pétrea da modernidade representada pela sigla ESG. Sim, é isso, vamos ao menos encarar a vida e tocar nossos negócios com a sensibilidade que certamente falta à Inteligência Artificial, ao menos por enquanto.
Os preceitos ESG são a aplicação da sensibilidade emocional que os humanos buscam hoje em dia. Esta semana fiquei feliz, ufa. Fala-se na volta da ferrovia Minas-Bahia, que inspirou Milton Nascimento para a música Ponta de Areia. Um projeto visando cargas de lítio parece não ter esquecido da música e poderá nos transportar também.
O terminal XXXIX do Porto de Santos contratou artista para aplicar sua arte em seus silos de granéis, costumeiramente fazedores de sujeira pelas ruas da cidade. Percebe que podemos e devemos sempre tentar adoçar a limonada, se não é possível trabalharmos e vivermos com pura, total e ampla ternura?