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Hudson Carvalho

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Você precisa de coaching ou de mentoring? Ou nenhum dos dois?

“Em uma cultura como a nossa, onde existe a necessidade de criar caminhos para que diferentes gerações convivam bem, o Mentoring faz ainda mais sentido. Há culturas nacionais nas quais há uma predisposição natural para a transferência de conhecimento, de uma geração para outra, que parte do respeito aos mais velhos e o que eles têm a ensinar, como o Japão, por exemplo. Flui naturalmente, sem um programa para apoiar”

 

“Sucesso é o acúmulo de pequenos esforços, repetidos dia a dia”

Robert Collier, Escritor e Editor.

 

Você já deve ter visto um daqueles filmes em que o time, normalmente de beisebol, basquete ou de futebol americano, vai muito mal. Alguns elementos rebeldes, que parecem mais um grupo do que um Time, propriamente dito. As técnicas são pouco desenvolvidas, não há clareza e direcionamento na determinação das metas a serem atingidas. Todos os elementos que levam a baixa performance em qualquer Equipe.

Até que aparece um líder “sábio e durão”, para mudar o cenário. Depois de piorarem ainda um pouco mais, de passar por uma fase de descrença nesse líder e de enfrentarem disputas pessoais, passam a agir juntos, melhoram surpreendentemente sua performance e, ao final, tornam-se campeões.

The End! Palmas, e talvez um Oscar!

O personagem principal dessa história, o Técnico, em inglês, é o “Coach”, expressão que, dá nome à ferramenta conhecida como Coaching. Você já deve ter ouvido falar dela. É bem provável também, que tenha dúvidas entre o que ela é capaz de produzir. E quanto ela difere de outra similar, chamada Mentoring.

Eu entendo sua dúvida. Os termos são usados como sinônimos, mas não são. A linha que divide os dois temas é fina, por isso a incerteza. Além disso, há profissionais que aplicam essas técnicas de forma equivocada, misturando uma técnica com a outra, indiscriminadamente e sem critérios, o que só aumenta a confusão.

Então, que as diferencia?

O Coaching trabalha questões emocionais, enquanto o mentoring, os aspectos técnicos de formação de quem está recebendo ajuda.

Na primeira, o Cliente, ou “Coachee”, busca ajuda para desenvolver competências comportamentais. São ajustadas metas e tarefas específicas a serem vencidas no curto prazo. Por isso é normal que haja um número de sessões previamente determinado, após o qual os resultados devem começar a aparecer. O Coach pode ter idade diferente do Coachee e não precisa ter necessariamente a mesma formação e experiência profissional.

Sinceramente, como já escrevi em outros Capítulos de nossas conversas, tenho restrições ao Coaching. Calibrar o comportamento de outros apontando-os para o sucesso é algo complicado e subjetivo. Exige alta compreensão do comportamento do Coachee e um conhecimento maior ainda do meio onde ele será praticado. Se o Coach usar apenas a sua visão de mundo e seus próprios valores, a possibilidade de resultar em quase nada é grande. Acaba funcionando apenas para aqueles comportamentos e padrões de conduta que são aceitos em qualquer lugar e para isso, convenhamos, você não precisa de ninguém para te conduzir. É só observar o que ocorre à sua volta. Quem está fazendo sucesso, ou não, e o porquê.

O Mentoring é mais objetivo. Funciona como uma Tutoria, onde um profissional com mais experiência e (nem sempre) idade, mostra o caminho das pedras para o menos experiente. Mais tempo de estrada e, óbvio, resultados para mostrar em qualidade e quantidade suficientes para inspirar e fornecer atalhos no caminho da boa performance. Trabalha com um número maior de fatos e dados apresentados por um especialista que trilhou a mesma carreira do Mentorado. Usualmente são menos formais e não possuem prazo definido para terminar.

A ideia não é nova. Em minha carreira como Executivo em Recursos Humanos tive a oportunidade de implantar diversos programas de capacitação de líderes, que incluíam a formação de seus próprios sucessores. Isso era feito em dois níveis diferentes, no tempo: a substituição no curto prazo, os chamados back-ups, para os casos emergenciais e também no longo prazo, os high potentials, aqueles vistos como os líderes do futuro, que vão garantir a longevidade da organização.

Nesses programas fiz questão de incluir a figura do profissional sênior orientando pessoalmente o júnior, embora o termo Mentoria, ainda não fosse usado com o significado que praticamos hoje. E sempre com sucesso, pois a convivência constante, orientada, realizada com objetivos e regras claras tornava o processo de formação mais eficiente. Todos sabiam os seus papéis e quando eles terminariam. Os feedbacks eram mais assertivos, gerava muito mais confiança entre as partes e, por isso acelerava o processo. Um ganha-ganha, com a organização sendo a maior vencedora.

Em uma cultura como a nossa, onde existe a necessidade de criar caminhos para que diferentes gerações convivam bem, o Mentoring faz ainda mais sentido. Há culturas nacionais nas quais há uma predisposição natural para a transferência de conhecimento, de uma geração para outra, que parte do respeito aos mais velhos e o que eles têm a ensinar, como o Japão, por exemplo. Flui naturalmente, sem um programa para apoiar.

De uma certa forma é o mesmo fenômeno que se dá coma criação de Conselhos nas empresas. Simplificando, é uma forma de trazer o “mentoring” em escala maior e institucionalizada.

Ainda sobre Mentoria, acrescento que no formato atual, o Mentor não precisa ser necessariamente alguém da própria organização, podendo vir do mercado. Fará igual sucesso, desde que sua trajetória possua coerência com os objetivos traçados pelo Mentorado ou pela Empresa que os contratam.

É preciso dizer também, falando de semelhanças entre Mentoria e Coaching, que é inegável que elas se encontram em determinados pontos, afinal, o sucesso profissional impacta de várias formas nossa vida pessoal, logo, nosso comportamento. Por isso, existem Mentores que atuam como Coaches em determinadas situações. Com o devido cuidado, não há problema.

Por fim, a insistência num ponto ao qual volto regularmente, por sua importância: sem autoconhecimento e disciplina, não há Coaching ou Mentoria que funcione.

Sem vontade de mudar, a vida pessoal e carreira, podem ser um filme de triste final.

 

Hudson Carvalho é Consultor em Gestão de Pessoas e Estratégia Empresarial, Diretor Executivo da Elabore Online – Resultados Através das Pessoas e Diretor da WISDOM – Gestão Organizacional (Desenvolvemos Pessoas e Processos) – Baixada Santista e ABCD

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