Segundo Edeon, uma Secretaria de Desenvolvimento Hidroviário colocaria o sistema numa posição mais favorável, com interlocução direta com o Ministério de Portos e Aeroportos (Foto: Reprodução/Grupo Brasil Export)
Região Centro-Oeste
Para mitigar efeitos da seca, Edeon defende dragagem nos rios do Arco Amazônico
A seca na Região Amazônica está afetando o transporte de cargas nas duas bacias utilizadas como hidrovias: a do Rio Madeira com o Rio Amazonas e o do Rio Tapajós. Os navios estão operando, em média, com 50% da carga, algo inédito, segundo o presidente do Conselho do Centro-Oeste Export, Edeon Vaz Ferreira.
“O verão amazônico é conhecido, mas desta forma tão rigorosa não acontece há pelo menos 14 anos. E neste ano (2023) houve a associação de altas temperaturas com a baixa muito rápida dos rios. Isso é muito danoso, pois o rio Amazonas chegou a paralisar transportes por navio para Manaus (AM)”, disse Edeon. Outras marcas como a de 2023 ocorreram somente em 2010, 1926 e 1910, segundo ele.
O presidente do Conselho do Centro-Oeste Export defende que haja um plano de dragagem para cada um dos rios que formam o chamado Arco Amazônico. Ele explica que isso se deve ao fato de cada um dos rios ter sua particularidade. O Madeira tem impacto na usina Hidrelétrica de Santo Antônio, na cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, e na Usina Hidrelétrica Jirau, também no Rio Madeira, a 120 quilômetros da capital. Seu volume de água chega a mudar o curso do rio.
Já o Rio Tapajós, com seus 280 quilômetros navegáveis, tem baixas todos os anos, mas, neste ano, a velocidade de descida do rio ficou maior, provocando a paralisação das barcaças, que não conseguem operar.
“Com isso, muitas cargas foram desviadas para escoamento em Santos e Paranaguá, mas isso também levou a um aumento de fretes”, disse.
Para ele, a criação de uma secretaria de desenvolvimento hidroviário vai colocar o sistema numa posição hierárquica mais favorável, com interlocução direta com o Ministério de Portos e Aeroportos.
“O Arco Norte tem um crescimento no escoamento muito forte. Em 2023, perdemos para Santos (SP) por 200 mil toneladas (volume movimentado por ano). É clara a vantagem hidroviária. Nosso custo para levar um produto de Sorriso, no Mato Grosso, para Xangai, na China, é de 120 dólares por tonelada. Por Santos (SP), é de 128 dólares”, concluiu Edeon.