Trecho da SC-283, no município de Arabutã, no estado de Santa Catarina (cred. SC-283/Pesquisa CNT de Rodovias 2022)
Nacional
Piora a qualidade das rodovias brasileiras, aponta pesquisa da CNT
Confederação Nacional do Transporte avaliou 110.333 km nas cinco regiões do País e revela problemas em mais da metade dessa extensão
A infraestrutura rodoviária piorou no Brasil. É o que aponta a Pesquisa CNT de Rodovias 2022. O estudo, realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e Sest Senat, avaliou 110.333 quilômetros nas cinco regiões do País. Dessa extensão, 66% da malha pavimentada apresenta algum tipo de problema, sendo considerada regular, ruim ou péssima. Em 2021, esse percentual era de 61,8%. Já 34% das rodovias são consideradas ótimas ou boas neste ano.
Durante 30 dias, 22 equipes percorreram as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, levantando os dados para mapear as condições das principais vias de acesso, utilizadas pelo transporte de cargas e de passageiros.
Conforme a pesquisa, em relação ao pavimento, 55,5% da extensão da malha rodoviária avaliada (61.311 km) apresenta problemas, 44,5% estão em condição satisfatória e em 0,6%, o pavimento está destruído. Quanto à sinalização, 60,7% (66.985 km) foram considerados deficientes (regular, ruim ou péssimo), 39,3% (ótima ou boa), 8,3% (sem faixa central) e 14,3% (sem faixas laterais). No quesito geometria da via (traçado), 63,9% da malha (70.445 km) apresenta algum tipo de problema, 36,1% estão ótimas ou boas, as pistas simples predominam em 85,6%, falta acostamento em 44,6% dos trechos avaliados e 29% dos trechos com curvas perigosas não tem sinalização.
A CNT aponta que as condições do pavimento geram um aumento de custo operacional do transporte de 33,1%, o que se reflete na “competitividade do Brasil e no preço dos produtos”.
Conforme estimativa do estudo, a má qualidade do pavimento da malha rodoviária gera aos transportadores um consumo adicional de 1,1 bilhão de litros de diesel a um custo de R$ 4,89 bilhões.
A pesquisa identificou 2.610 pontos críticos no País. Com isso, a CNT calcula R$ 72,26 bilhões em investimentos para recuperação das rodovias, com ações emergenciais, de restauração e de reconstrução.
Para o presidente da CNT, Vander Costa, a infraestrutura rodoviária no Brasil carece de soluções urgentes. “Diante desse cenário, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) vem alertando constantemente sobre a urgência de ampliação dos recursos — sobretudo públicos — destinados para investimentos em transporte e logística, mais especificamente na infraestrutura rodoviária. Esse será o ponto de partida para a retomada. Além disso, atrair o capital privado, ampliar a segurança jurídica e constituir políticas públicas voltadas ao transporte serão igualmente fundamentais”, declarou.
Rodovias sob gestão pública
Em comparação com 2021, nos trechos federais e estaduais sob gestão pública, o estado geral na classificação Ótimo e Bom caiu de 28,2% para 24,7%, em 2022 — sua segunda queda consecutiva. Portanto, 75,3% (65.566 km) da malha rodoviária sob gestão pública apresentam algum tipo de problema, sendo classificados como Regular, Ruim ou Péssimo. O percentual de Regular, Ruim e Péssimo do pavimento subiu de 59,4% em 2021 para 62,7% este ano.
Rodovias concedidas
Em contrapartida, nas rodovias sob concessão privada, 69% dos 23.238 km pesquisados são classificados como Ótimo ou Bom; 25,8% (5.988 km), Regular; e 5,2% (1.209 km), Ruim ou Péssimo. “Tradicionalmente, há um maior investimento feito pelas concessionárias em relação às aplicações realizadas pelo setor público”. Porém, os conceitos Ótimo ou Bom destas rodovias, que era de 74,2% em 2021, caiu 5,2% em 2022.
Proporcionalmente, Região Norte lidera com 1.110 pontos críticos
A Pesquisa CNT de Rodovias 2022 indicou que a maior parte da malha rodoviária das cinco regiões do País apresenta algum problema de infraestrutura. Ao todo, foram avaliados 110.333 quilômetros de rodovias no País.
Proporcionalmente, considerando a extensão rodoviária analisada, a Região Norte é a que apresenta mais pontos críticos, são 1.110 em 13.745 km. Da extensão total da malha da região, 79,2% têm classificação regular, ruim ou péssima e 20,8%, ótima ou boa. O investimento necessário para recuperação das rodovias é calculado em R$ 9,44 bilhões.
O Nordeste vem na sequência, com 851 pontos críticos identificados em 29.537 km. Nesta região, 71,3% da malha rodoviária são classificadas como regulares, ruins ou péssimas e o aporte calculado para melhorias é de R$ 20,18 bilhões.
Nas rodovias do Sudeste foram constatados 523 trechos críticos em 30.297 km. Na região, 55,7% da extensão é regular, ruim ou péssima e 44,3%, ótima ou boa. A recuperação demanda R$ 19,70 bilhões em investimentos.
No Centro-Oeste foram identificados 74 trechos críticos em 18.084 km. O estudo classificou 65% da extensão rodoviária como regular, ruim ou péssima, com um investimento necessário estimado em R$ 11,94 bilhões.
Por fim, nos 18.670 km avaliados na Região Sul, 52 pontos críticos foram reconhecidos. De toda a extensão, a maior parte — 65,3% — foi classificada como regular, ruim ou péssima. Para recuperar a malha, o estudo projeta a aplicação de R$ 10,99 bilhões.
Região | Extensão da malha | Estado Geral Regular, Ruim ou Péssima/ Ótima ou Boa | Pontos Críticos | Custo de operação adicional do transporte | Investimento necessário estimado nas rodovias | Desperdício de diesel e custo adicional aos transportadores |
Norte | 13.745 km 12,5% do total | 79,2%/20,8% | 1.110 | 43,6% | R$ 9,44 bi | 166,5 milhões/l (diesel) R$ 759,5 milhões |
Nordeste | 29.537 km 26,8% | 71,3%/28,7% | 851 | 33,8% | R$ 20,18 bi | 291 milhões/l diesel R$ 1,33 bilhão |
Centro-Oeste | 18.084 km 16,4% | 65%/35% | 74 | 30,4% | R$ 11,94 bi | 167,5 milhões/l diesel R$ 764,24 milhões |
Sudeste | 30.297 km 27,5% | 55,7%/ 44,3% | 523 | 30% | R$ 19,70 bi | 261,2 milhões/l diesel R$ 1,19 bilhão |
Sul | 18.670 km 16,9% | 65,3%/34.7% | 52 | 31,7% | R$ 10,99 bi | 186 milhões/l diesel R$ 848,58 milhões |
Fonte: Pesquisa CNT de Rodovias 2022