Pomini vê “dificuldades” no modelo condominial no Porto de Santos

Presidente da APS explicou dúvidas ao secretário nacional de Portos, entusiasta da ideia

O diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS) Anderson Pomini foi na contramão do secretário nacional de Portos e Aquaviários Fabrizio Pierdomenico e afirmou encontrar dificuldades de ver uma gestão condominial para o Canal do Porto de Santos. O tema foi debatido no quarto painel do Santos Export, fórum regional de Logística, Infraestrutura e Transportes, o último da edição de 2023.

O modelo de gestão por condomínio, ideia levantada por Pierdomenico em entrevista ao Jornal BE News, consta na cessão do canal às próprias empresas do setor portuário.

No painel “Modelo de gestão para o futuro do Porto de Santos”, Pomini analisou que a ideia é válida, já sendo discutida com o próprio secretário, mas que olha com ponderações o modelo. Segundo o presidente da APS, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, parte do mesmo pensamento.

“Confesso que neste momento vejo uma dificuldade jurídica para contemplar o interesse de 50 operadores portuários. Quero deixar claro que não sou contra, só acho que não encontramos uma modelagem adequada que atenda a todos esses interesses. Já alertei o secretário sobre minhas ponderações, e o ministro Márcio compartilha essas preocupações”, disse.

Mesmo com uma visão oposta do secretário, Pomini afirmou que o tema continuará a ser debatido e aberto ao diálogo, como é uma das propostas da nova diretoria do Porto de Santos.

“O tema ainda é prematuro para avançarmos sobre uma modelagem adequada. Muitas das questões merecem um estudo aprofundado. A ideia é boa, não é ruim, mas precisa de um maior amadurecimento. Tenho dificuldades de entender qual o melhor formato, mas merece o debate”, afirmou.

Regis Prunzel, presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), acenou sua fala na mesma linha do presidente da Autoridade Portuária de Santos, e disse que o estudo necessita de um maior aprofundamento antes de ser implementado.

“Durante o processo de desestatização do Porto de Santos muito se falou de uma modelagem em que teríamos mais de um vencedor da concessão, onde poderia definir percentuais de participação, uma eventual sociedade. Talvez esse modelo de condomínio, que trata-se de uma cessão e não concessão, pensasse numa modelagem sem limite de interessados, mas com uma responsabilidade individual”, comentou.

Conforme Pierdomenico já havia declarado há alguns meses, o Sopesp chegou a se reunir com o secretário a respeito do assunto.

“Estivemos com o secretário para tratar desse e outros temas. Envolve demais associações do setor, isso porque não é uma demanda somente dos operadores, mas é dos armadores, dos agentes marítimos, dos terminais privados. É um grupo grande de atores que precisam organizar essa modelagem. Entendo a preocupação do presidente Pomini”, ponderou.

O último painel do Santos Export 2023 ainda teve as participações de Jesualdo Silva, diretor-presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários); Angelino Caputo, diretor-executivo da ABTRA (Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados); Mauro Sammarco, presidente da ACS (Associação Comercial de Santos); Marcelo Neri, presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima); Sergio Aquino, presidente da Fenop (Federação das Operações Portuárias); e Claudio Loureiro, diretor-executivo do Centronave (Centro Nacional de Navegação Transatlântica).

A mediação e apresentação do painel ficaram a cargo dos jornalistas Natalie Nanini, diretora de Jornalismo do Sistema Santa Cecília de Comunicação, e Leopoldo Figueiredo, diretor de Redação do BE News.